E para o verão, já se nota alguma coisa ou ainda é muito cedo?
Esta é a principal época para reservas para o verão, sobretudo de estrangeiros. E o feedback que os hoteleiros me dão é muito positivo. O mesmo se passa com os colegas dos rent-a-car, marinas, das agências de viagens. Um pouco de cada segmento da operação, o feedback que me dão é que há boas expetativas. Embora haja aqui um slogan que é “Estamos otimistas, mas cautelosos”.
Como disse, o inverno IATA (época baixa definida anualmente pela Associação Internacional de Transporte Aéreo) tem sido muito bom. Quer dizer que este ano a sazonalidade não se faz sentir no Algarve? O Aeroporto de Faro tem estado cheio.
Estamos a ter cada vez melhor desempenho na época intermédia e na época baixa porque começámos a fazer um esforço grande para nos promovermos fora da época alta em vários mercados. Já estávamos a fazê-lo antes da pandemia e desde 2014. Para ter uma ideia, os primeiros cinco mercados (Reino Unido, Portugal, Alemanha, Irlanda, Países Baixos), nesse ciclo cresceram 15% e isso representou um acréscimo de 2 milhões de dormidas em hotelaria.
Os restantes países de procura cresceram 73% e isso representou 2,3 milhões de aumento de dormidas. Ou seja, quer em percentagem quer em valor absoluto, esta aposta em diferentes mercados permitiu crescer fora da época alta e crescer também fora da dependência dos principais mercados.
E quais são esses mercados que estão a fazer crescer o turismo no Algarve fora da época alta? Americano?
Também, também. Mesmo os principais mercados, como o Reino Unido, Alemanha, Países Baixos ou Irlanda, a aposta na mostra de outro tipo de ofertas, gerando novas motivações de visita, também trouxe desses mercados procura em época baixa. É o caso do turismo de natureza ou do turismo náutico. Mas repare: nesse período nós crescemos acima de 300% nos Estados Unidos, no Canadá e no Brasil; duplicámos o número de dormidas nos espanhóis e nos franceses e crescemos acima de 200% no mercado italiano. E quando olhamos para os belgas, o fenómeno é semelhante.
O que é importante vermos agora é que, findo o período pandémico, retoma-se com naturalidade o caminho que nós perseguimos, de ter mais gente fora da época alta, de ter mais gente por um espaço maior do território, indo também ao Interior e a outros espaços que eram menos procurados.
Há dias o secretário de Estado do Turismo lançou uma Estratégia para o Interior. Como é que o Algarve se vai posicionar, sendo que é cada vez menos um destino exclusivamente de “sol e mar”?
É uma estratégia de continuidade. O Secretário de Estado apela à continuidade de um processo em que ele próprio participou, que foi o desenho da atividade de Estratégia para o Turismo 2027.
E quando andamos um pouco por Portugal, todo nós vemos que o que dinamizou interior são muitas vezes empresas de animação turística dedicadas ao turismo de natureza, ao turismo criativo, cultural e muitas dessas dinâmicas que vemos no Algarve. O Algarve é um bocadinho como um Portugal deitado, em que o Interior está muito perto do Litoral, mas as características do interior estão lá todas.
Vemos com muito bons olhos esta aposta porque no fundo, acompanha também o que temos feito de levar pessoas para a Via Algarviana, que é uma grande rota pedestre que vai de Alcoutim a Sagres para poder dar a conhecer aquilo que até alguns algarvios desconhecem.
Por exemplo e isso foi muito acentuado com a Covid-19, em que as pessoas não queriam estar em sítios de maior concentração e optaram por moradias unifamiliares ou pelo enoturismo. Nós temos cerca de 30 quintas de enoturismo no Algarve, onde é possível estar no campo a dez minutos da praia. Portanto, não ter confusão, ter paz de uma quinta de enoturismo, estar num turismo rural ou num alojamento local, numa zona rodeada por natureza, sem qualquer pressão. Mas estar muito perto depois daquilo de que precisamos, seja da praia, da animação, ou de um bom restaurante.
Deixe um comentário