À velocidade a que se move o desenvolvimento tecnológico, as empresas são obrigadas a investir de forma agressiva para se manterem competitivas, mas gastar dinheiro nem sempre garante os resultados esperados. Um alerta para empresários e empreendedores, que já se podem candidatar ao Portugal 2030 e os primeiros programas são justamente para investimento em inovação.É uma das tendências atuais e um dos chavões mais atrativos: associar inovação a uma ideia, uma proposta, um “pitch”, um negócio, aumenta a probabilidade de sucesso. Há outros, como sustentabilidade ou “green”, mas esses ficam para outro dia.
São cada vez mais frequentes os debates, conferências e seminários dedicados à inovação, sobretudo, numa altura em que o país recebe o maior cheque de sempre da Europa.
Este mês abriram as primeiras candidaturas ao Portugal 2030, com inscrições até 15 de dezembro. Estão disponíveis 400 milhões de euros, distribuídos por dois avisos, para “apoiar a inovação produtiva de microempresas e PME do continente”.
O objetivo é financiar “a produção de novos bens e serviços ou melhorias significativas da produção atual, através da transferência e aplicação de conhecimento”, ou “a adoção de novos, ou significativamente melhorados, processos ou métodos de fabrico, de logística e distribuição, organizacionais ou de marketing”, explica o IAPMEI.
A inovação funciona como acelerador para o objetivo último que, dito de forma simples, é sempre o sucesso, traduzido em lucros, na ótica do empresário. Na perspetiva social, a evolução tecnológica de muitas unidades significa ganhos coletivos, refletidos no mercado de trabalho, no consumo ou mesmo impostos e contribuições pagas.
No entanto, apesar de estar a ser perseguida de forma exaustiva, a inovação não é garantia infalível de sucesso. É o que Clayton M. Christensen chama de “inovação disruptiva”, a ideia mais influente no universo dos negócios no século XXI, segundo a revista norte americana Forbes, e pela qual ficou conhecido mundialmente.
Numa linha, o antigo professor da Harvard Business School explica que as grandes empresas de sucesso podem fazer tudo bem e, ainda assim, fracassar.
São alertas que chamaram a atenção de líderes como Steve Jobs e Jeff Bezos e que estão reunidos no livro “O Dilema da Inovação”, agora publicado em Portugal pela Actual Editora.
O autor responde a um dilema de executivos e investidores, com uma teoria académica. Analisa o impacto da mudança tecnológica no sucesso de uma empresa e antecipa como evitar possíveis armadilhas.
Destacamos algumas ideias essenciais:
- O tempo do mercado nem sempre coincide com o ritmo da tecnologia (o novo produto pode só ser útil amanhã);
- Sucesso passa por uma boa gestão e alocução de recursos, humanos e financeiros, e largar alternativas mais baratas por tecnologia disruptiva;
- “A tecnologia disruptiva deve ser encarada como um desafio de marketing, não um desafio tecnológico”, as empresas devem procurar novos mercados e não convencer os clientes com o novo produto;
- Com frequência, as tecnologias disruptivas requerem novas competências, a todos os níveis;
- A tecnologia disruptiva está muitas vezes associada ao risco elevado, porque não há informação suficiente, o que exige muita experimentação e conduz ao fracasso. É preciso arriscar e ser persistente para chegar ao sucesso;
- A mesma estratégia não serve para tudo, as tecnologias disruptivas pedem líderes.
- As empresas bem-sucedidas são tão boas a trabalhar com produtos amplamente aceites pelo mercado, que se tornam os maiores obstáculos de si próprias quando tentam desenvolver tecnologias disruptivas, mas este é um problema com solução.
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