//​Banca portuguesa tem de procurar novas fontes de rendimento, defende analista

​Banca portuguesa tem de procurar novas fontes de rendimento, defende analista

Os bancos portugueses devem procurar novas fontes de rendimento, alerta Nuno Ferreira, especialista de banca da consultora McKinsey, que, esta segunda-feira, divulgou a análise bancária anual.

Para o sócio da McKinsey, e responsável por este estudo, será difícil os bancos nacionais crescerem no negócio tradicional, tendo em conta os depósitos e créditos baratos, as baixas taxas de juro e a elevada concorrência do setor.

O setor tem de “achar novas fontes” de rendimento, defende o especialista, citado pela Lusa. Tem de se focar no crescimento e apostar no negócio não bancário para conseguir aumentar as receitas, negócios que não têm de ser necessariamente seus, mas criando um ecossistema que os integre.

Um exemplo que pode chegar a uma generosa carteira de clientes é o crédito à habitação, agregado com fornecedor de água e luz (por exemplo, gerido por uma ‘fintech’ que facilite a mudança do prestador desses serviços consoante a vontade do cliente).

Nuno Ferreira defende também que os bancos podem ir mais longe na digitalização: na migração do cliente para o digital e com o fornecimento de mais serviços nesse canal.

Mais comissões por mais serviços

Em resposta às queixas sobre o aumento dos custos na banca, Nuno Ferreira diz que o caminho agora é “ir mais pela inovação e menos pelos custos”, pelo corte de custos.

Este responsável acredita que os clientes estão disponíveis para pagar comissões por serviços adicionais. O problema é que nem sempre o aumento corresponde a mais serviços.

“Porquê aumentar mais comissões do cartão de crédito se os serviços são os mesmos? Porquê cobrar mais taxas no Multibanco se se devia tirar o ‘cash’ [dinheiro ‘vivo’] da economia? Porquê ir pelo caminho mais fácil e não pelo serviço acrescentado”, questiona.

Próximos dois anos serão decisivos na banca

De acordo com o estudo publicado hoje pela consultora McKinsey, os bancos reagiram melhor do que o esperado à crise pandémica. Ainda assim, continuam a apresentar valorizações pouco atrativas e rentabilidades abaixo do custo do capital.

Os próximos 18 a 24 meses irão definir quais as instituições que vão crescer, liderar o setor e as que ficarão para trás.

No plano nacional, a banca apresenta bons indicadores de liquidez e solvabilidade. Além disso, as reestruturações dos últimos anos melhoraram os rácios de eficiência (custos face a receitas), a produtividade e têm hoje rácios de liquidez e de capital sólidos.

No entanto, falta o crescimento, avisa Nuno Ferreira. “Para os próximos anos, é preciso criatividade e inovação, aproveitar a base de clientes. Vender produtos financeiros e não financeiros será chave”.

Este especialista admite que há ainda espaço para “um ou vários movimentos relevantes”, ao nível da consolidação bancária. Pode ainda haver consolidações de unidades de negócios, de carteira de crédito, até no modelo de distribuição.

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