Fardado, em cima do palco onde decorre a quinta edição da Click Summit, João Moura, subcomissário da PSP, fala com humor e à vontade sobre o lado negro das redes sociais, uma das palestras mais aguardadas neste primeiro dia do evento que decorre em Lisboa.
João Moura é um dos elementos do Departamento de Relações Públicas da PSP e um dos gestores da conta de Facebook da PSP. A página é um sucesso, dentro das congéneres, a nível mundial e tem mais de 600 mil seguidores.
É por aqui que muitas vezes recebem queixas de crimes. “Em tempo real, principalmente queixam-se de ‘stalking’:’estou a ser perseguida, está um carro aqui atrás de mim, a caixa do correio foi remexida, a pessoa sente que está a ser perseguida’. Não em tempo real, a questão de extorsão sexual online, ou seja, os ex-namorados e as ex-namoradas utilizam fotografias para fazer chantagem emocional e até exigir uma quantia em dinheiro”, relata.
João Moura lembra que a página do Facebook não é o sítio indicado onde fazer queixas ou pedir ajuda. Deve-se recorrer ao 112 ou dirigir-se à esquadra mais próxima. O oficial da PSP reconhece que a vida virtual e vida real misturam-se cada vez mais e, por isso, sugere que a formação dos mais novos deve começar na escola.
“Mesmo antes do jardim de infância, na pré-primária, fomentar um pouco uma cultura de segurança no digital e se possível mesmo com polícias fardados, com formação para tal”, defende. João Moura acredita que o Ministério da Educação está atento a esta realidade e até sugere o nome da nova disciplina a ser criada “Literacia Digital e Cidadania”.
Parceiro de debate neste painel da Click Summit, esteve o inspetor Ricardo Vieira, da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e a Criminalidade Tecnológica da Polícia Judiciária (PJ). É esta a unidade responsável pela investigação de crimes informáticos, um tipo de crime de que todos podem ser alvo e não apenas quem é figura pública ou com grandes interesses económicos.
“A sua conta de email só tem interesse para si até determinado momento, até alguém achar que deixa só de ter interesse para si. Nesse momento, a pessoa vai atacar a sua conta se não estiver bem protegida, com uma password forte que deve ser mudada com alguma regularidade, deve ter o segundo factor de autenticação que normalmente é um sms enviado para o telemóvel do utilizador. Isso vai permitir que a pessoa tenha níveis de segurança adicionais e que a pessoa não vá ser vítima de hacking”, descreve, garantindo que já há relatos de pessoas que são chantageadas para poder recuperar, por exemplo, o acesso ao email.
Se for alvo dessa chantagem, aconselha o inspetor, o indicado é não pagar e fazer imediatamente a denúncia às autoridades. “Temos meios para agir com relativa rapidez”, esclarece Ricardo Vieira.
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