//​Metade da frota do Governo passa a ser elétrica e rede de carregadores triplica

​Metade da frota do Governo passa a ser elétrica e rede de carregadores triplica

O ministro do Ambiente anunciou que o despacho que impõe que a frota do Estado seja composta por carros elétricos entrou esta quinta-feira em vigor, destacando também a assinatura de um despacho para instalar postos de carregamento em parques privados.

João Pedro Matos Fernandes falava aos jornalistas depois da intervenção na Climate Change Leadership – Solutions for the Wine Industry, no Porto, adiantando também um pedido ao Banco de Portugal, “no sentido de garantir que os bancos têm no seu portefólio de empresas a quem emprestam dinheiro, investimentos cada vez mais ‘verdes’ e menos ‘castanhos'”.

“Portugal é dos países da Europa que fez essa aposta [mudança de frota para carros elétricos]. O carro elétrico é para ser carregado em casa, a ideia é essa. Temos hoje uma rede com mais de mil postos de carregamento que estão a ser substituídos e uma com 40 postos nas autoestradas que funciona muito bem”, defendeu Matos Fernandes, em resposta às limitações desses carros.

O despacho para a instalação de postos de carregamento em parques privados de acesso público entra em vigor em 1 de abril, “multiplicando por três o número de carregadores elétricos”, acrescentando que há, no Fundo Ambiental, “um milhão de euros para que os instaladores de carregadores elétricos possam instalar 100 postos de carregamento rápido”.

“No entanto, os postos lentos vão estender-se a todo o país ao longo deste ano. Há empresas, como as Águas de Portugal, que já têm centenas de carros elétricos e têm postos de carregamento nas ETAR para poderem fazer os giros técnicos. Cada vez mais esta tecnologia se está a banalizar”, afirmou.

Sobre o roteiro de neutralidade carbónica até 2050, o ministro defendeu a necessidade de uma “transição justa”.

“Não podemos deixar ninguém para trás e, por isso, essa transição tem desde preocupações pontuais, mais fáceis de realizar, como o encerramento das duas centrais de carvão até 2030, em que centenas de pessoas têm de ter um plano específico e passa pela eletrificação generalizada do país”, sublinhou.

Há também a dimensão de “finanças sustentáveis”, que prevê um investimento — para além do que já está previsto – de dois mil milhões de euros em cada ano, um número que “não assusta, mas é representativo”.

O ministro português do Ambiente centrou o discurso de hoje na Climate Change Leadership no “Roteiro da neutralidade de carbono” definido pelo governo para 2050 e foi elogiado pelo ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore pelos objetivos “ambiciosos”.

João Matos Fernandes observou que “o cenário com maior crescimento económico é também aquele que apoia a neutralidade” em relação à emissão de carbono.

O ministro português vincou estar em curso “não uma transição”, mas “uma revolução”.

“Estamos a falar de mais de 85% de redução de emissões de carbono em relação a 2005”, afirmou.

De acordo com Matos Fernandes, para o país ser “neutro em termos de carbono”, tem de ter “100% da energia” proveniente de “renováveis”, nomeadamente nos veículos, o que “vai permitir reduzir [o consumo] de 65 milhões para sete milhões de barris de petróleo”.

“A próxima década é fundamental para alinhar o roteiro da neutralidade e, por isso, Portugal reforça a ambição para 2030 para a meta de 47% de energias renováveis. Isto é ambicioso mas realista”, afirmou.

De acordo com o governante, o país vai “duplicar a capacidade nas renováveis, sobretudo [nos domínios das energias] solares e eólicas, com duas novas centrais até 2030”.

Para além disso, Portugal vai “fechar as duas centrais de carvão”.

Com este percurso, o governante pretende chegar a 2050 com “zero emissões de carbono” e “100% de energia renovável”.

Nessa data, diz o ministro, a “água será um recurso precioso” e vai ser “normal usar águas pluviais e residuais tratadas para beber”.

Será ainda “mais fácil reparar do que deitar fora” e os “bancos vão investir nas finanças sustentáveis”.

“A eficiência energética deve tornar-se no novo normal”, defendeu.

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