//​O trabalho (e a atração de talento) é o que mais preocupa os empresários

​O trabalho (e a atração de talento) é o que mais preocupa os empresários

A inflação já não é considerada uma ameaça para os negócios em Portugal e nem o abrandamento e possível recessão das economias é o que mais preocupa os empresários nacionais. Por cá, o maior receio prende-se com a mão-de-obra, ou a falta dela, e as condições de trabalho, aponta o inquérito para Portugal do Global Risk Report 2025, que antecipa a reunião anual do Fórum Económico Mundial, em Davos.

Apesar da taxa de desemprego permanecer baixa, é quase metade da registada em Espanha, o desemprego jovem em Portugal é o quarto maior da União Europeia, segundo o Eurostat. O emprego mantém-se em ligeiro crescimento. Estes dados refletem as preocupações dos decisores políticos.

Em comparação com o ano passado, “o primeiro lugar troca com o segundo lugar, a falta de mão-de-obra e o talento passa para o primeiro lugar e a recessão passa para o segundo lugar”. Por outro lado, “sai a inflação, que em 2024 ocupava o terceiro lugar, e entra para o terceiro lugar o que se designa como insuficiência dos serviços públicos, a proteção social”, avança à Renascença Manuel Coelho Dias, especialista de risco da Marsh McLennan.

Este ano há ainda pequenas alterações de designação, por exemplo, o quarto risco, que no ano passado estava descrito como “erosão da coesão social”, passou este ano para “pobreza e desigualdade”, que segundo este especialista “refletem a mesma realidade”.

No essencial, o inquérito de 2025 para Portugal revela “uma preocupação muito grande com a atração e retenção de talento, que já vamos vendo no contacto com as empresas nos últimos três a cinco anos. Ou seja, o agudizar dos riscos relacionados com as pessoas: falta de talento, equilíbrio da vida profissional com a vida pessoal, questões de saúde mental.

Principais ameaças globais: conflito armado, ambiente e desinformação

A nível mundial e no imediato, para 2025, a maior preocupação dos inquiridos são os confrontos armados entre Estados, um risco eleito por quase um quarto dos participantes, o que reflete “o aumento das tensões geopolíticas e a fragmentação a nível global”.

Este é um dos riscos considerado mais provável, que se junta aos “eventos climáticos extremos e aos conflitos geoeconómicos. Estes são os três riscos principais apontados numa lista do top 10”, explica à Renascença o especialista de risco da Marsh McLennan.

Nesta 20.ª edição do Global Risk Report são ainda assinalados outros riscos ligados, nomeadamente, “a crises sociais, como a polarização da sociedade e a falta de oportunidades económicas e de desemprego, mas também riscos tecnológicos como, por exemplo, a desinformação”, acrescenta.

“A grande novidade é este domínio dos riscos geopolíticos, estas duas entradas no top 3 são entradas muito agressivas”, defende Manuel Coelho Dias.

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