
A Autoridade Bancária Europeia (EBA) prev|e que as baixas taxas de juro vão manter-se “por ainda mais tempo” no período da pandemia de covid-19.
No relatório publicado esta segunda/feira sobre o impacto da pandemia, a EBA não traça um cenário simpático para o sector. De acordo com a Autoridade, “muitos bancos não ganham para o seu custo do capital. Independentemente da crise, as fragilidades atuais, como baixas margens nos juros, podem ser exacerbadas pelo ambiente de baixas taxas de juro, que irá agora persistir por ainda mais tempo”.
Além dos baixos juros, os bancos lutam ainda com o malparado. “Apesar de melhoras contínuas na qualidade dos ativos nos últimos anos, o rácio de crédito malparado (NPL) em vários países e bancos está ainda bem acima de níveis anteriores à crise financeira mundial”, diz o relatório.
Junta-se a isto o aumento substancial de traballho, com os apoios concedidos a empresas e famílias, como moratórias, que vieram colocar uma grande pressão operacional sobre as instituições. Ainda assim, “devido à larga disponibilidade do trabalho remoto na banca, as funções principais continuaram a operar largamente não afetadas”.
A EBA sublinha ainda que os bancos estão agora em melhor forma do que estavam no início de crises anteriores, tanto em termos de capital como de liquidez, ambos estão acima do mínimo exigido.
Ainda assim, há preocupação com a qualidade dos activos, dado o aumento da exposição da banca, nos últimos anos, “a carteiras potencialmente mais arriscadas, como em pequenas e médias empresas (PME) ou financiamento do consumo”. A EBA também admite que, na sequência da actual crise pandémica, subam os volumes de NPL [crédito malparado] e aumente o custo do risco.
Por fim, destaque para as condições de financiamento, que se deterioraram depois de fevereiro, com um alargamento substancial dos ‘spreads’ (margem de lucro dos bancos), e “as emissões de dívida não garantida praticamente pararam até meio de abril”. É de esperar que “os bancos usem alguma da sua ampla ‘almofada’ de liquidez nos próximos meses”.
A EBA conclui que os bancos estão preparados para enfrentar a Covid-19. No entanto, alerta para o impacto nos bancos mais frágeis e nos lucros, que “devem permanecer subjugados por um período ainda maior” após a crise. Isto deve-se à permanência de baixas margens de lucro “como resultado do estímulo monetário dos bancos centrais”, e à baixa qualidade do crédito, que vai aumentar as imparidades.
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