//​Patrões dão bónus anti-inflação, trabalhadores querem aumentos

​Patrões dão bónus anti-inflação, trabalhadores querem aumentos

Aumentam as empresas e sociedades que anunciam o pagamento de bónus de final de ano, para acomodar a subida generalizada dos preços e respetiva perda de poder de compra.

Uma das últimas foi a dona do Continente, que decidiu pagar até 500 euros a 36 mil trabalhadores, num investimento total de 15 milhões. Segundo a Modelo Continente, este é um apoio extraordinário para “ajudar a mitigar os impactos sentidos no custo de vida”.

Na mesma linha, também a dona do Pingo Doce já tinha avançado o pagamento até 350 euros a cerca de 25 mil funcionários do grupo Jerónimo Martins. Um apoio de mais de oito milhões de euros, também em resposta à inflação.

Ainda pelo retalho, a Ikea vai pagar em dezembro, como bónus, um salário e meio a todos os trabalhadores. Uma decisão tomada na sequência dos resultados positivos do grupo e em apoio à subida dos preços.

Estes apoios estão ainda a ser anunciados noutras áreas. É o caso da Altice, dona da Meo, que vai entregar um cheque até 750 euros, que chegará em janeiro a 6.500 trabalhadores.

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Banca também adere aos cheques anti-inflação

Vários bancos também já anunciaram apoios extraordinários para apoiar os colaboradores.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) irá pagar entre 600 a 900 euros, já em dezembro, aos funcionários que ganhem até 2.700 euros. O banco público admite ainda antecipar metade do subsídio de Natal do próximo ano, durante o primeiro semestre, ou pagar a totalidade em duodécimos, a escolha será dos trabalhadores.

O Crédito Agrícola anunciou um apoio “pontual” de 750 euros, o BCP vai pagar um “apoio extraordinário” de 500 euros, a todos os que não tiverem viatura atribuída.

No Santander, a ajuda chega aos 750 euros e será paga a quem ganha até 30 mil euros.

Já no BPI ainda não há informação sobre qualquer apoio, o que está a ser alvo de contestação. A Comissão de Trabalhadores, citada pelo Eco, critica o silêncio da instituição e reclama um cheque de 1.108 euros, para responder ao custo de vida.

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Cheques anti-inflação ficam muito aquém

Os cheques anti-inflação são uma ajuda, mas não respondem às expectativas dos funcionários.

Com a inflação nos dois dígitos, quem recebe mil euros acaba só com 900 euros para gastar. Ou seja, num mês perde 100 euros. Num ano perde 1200 euros, se nada mudar.

No simulador da Pordata sobre o impacto da inflação no salário, pode verificar todos os meses quanto é que está a perder com a subida dos preços, basta colocar quanto ganha que eles dizem quanto fica na carteira.

Apesar da remuneração bruta mensal média ter aumentado 4% no terceiro trimestre, por trabalhador, em termos reais caiu 4,7%. São valores homólogos, do INE, medidos pelo Índice de Preços do Consumidor, ou seja, excluem não residentes (turistas).

As famílias sentem há vários meses esta perda de poder de compra nos orçamentos mensais. Num inquérito publicado esta semana pelo Banco Central Europeu (BCE), os consumidores da zona euro mostram-se pessimistas e admitem o aumento da inflação nos próximos 12 meses, com mais desemprego e as despesas a subir mais do que os salários.

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Trabalhadores querem aumentos

Segundo um inquérito da Robert Walters, 68% dos trabalhadores portugueses contam ser aumentados em 2023 e 64% esperam que esse aumente fique acima da inflação. Caso fiquem em situação de perda de rendimentos, 23% admitem mudar de emprego.

Neste trabalho realizado na Europa, que incluiu cerca de 380 profissionais em Portugal, uma percentagem menor (38%) também admite que espera um bónus pelo Natal, mas só 10% já receberam a confirmação desse pagamento extra.

Por cá, nem os bónus acalmam os protestos em algumas empresas. É o caso do grupo Altice, onde os trabalhadores não ficaram convencidos com o cheque anti-inflação. Para esta sexta-feira, dia 9, têm marcada uma greve por um aumento salarial intercalar, com concentrações em Lisboa, Porto, Funchal e Ponta Delgada. Em comunicado, defendem que esta medida se tornou “inevitável” perante a “continuada intransigência e arrogância” da administração.

Outro exemplo chega do BPI, onde a comissão de trabalhadores não contesta apenas o pagamento de um bónus, reclama também um ajuste salarial de 9% em 2023, bem acima do que reclamam os sindicatos do setor.

Já na Autoeuropa a administração aceita subir os salários, mas ainda não chegou a acordo com os trabalhadores, que chumbaram a última proposta, de um aumento de 5,2%. Até pediam menos, 5%, mas com retroativos a julho e nova atualização em janeiro. Já a administração de Palmela oferecia um bónus a todos de 400 euros, em dezembro.

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