O economista e escritor Wolfgang Münchau considera que o panorama económico europeu está a mudar e que Portugal e os países do sul da Europa vão ser mais fortes do que o norte.
“Acho que a situação está a mudar. Acho que o sul da Europa vai fortalecer-se em relação ao norte”, disse na conferência “O futuro da Europa: Modelo Europeu e o Esgotamento do Milagre Alemão”.
Nesta intervenção Münchau identificou algumas “vantagens” dos países ibéricos, nomeadamente em questões energéticas.
“O sol é uma vantagem, nem sempre como um dia como ontem, mas é ótimo para energia. A Alemanha não é nem ventosa nem ensolarada, então não é uma vantagem. Portugal e Espanha têm muito sol que podem armazenar, têm vizinhos no norte da África com os quais podem cooperar e podem beneficiar diretamente por meio da transmissão de energia”, exemplificou.
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Münchau considera que “estes são valores que estão com grande procura e qualquer um que administre sua economia, de forma conservadora e prudente, estará numa posição muito forte”.
Nesta intervenção, Münchau criticou ainda a ideia de que as despesas com a defesa não contem para o défice. “A dívida é um imposto futuro. Não faz sentido tributar gerações futuras pela segurança que estamos a comprar para nós mesmos”, argumenta.
Nesta linha, o economista defende que os países do Sul da Europa devem exigir aos do Norte da Europa o mesmo que lhes foi exigido durante a crise financeira da zona euro.
“Digam-lhes que há o Pacto de Estabilidade, digam-lhes que os gastos de despesa têm de contar para a dívida, para eles perceberem que os gastos de defesa são uma despesa e que será preciso aumentar impostos para isso ou redistribuir rendimentos de outras partes da economia”, aconselha.
Nesta conferência, uma parceria da Renascença com a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), Münchau traçou um retrato de uma Alemanha que começou a ter problemas económicos no início dos anos 2000 e “esqueceu a economia digital”.
“Em 2013, quando já havia iphone 6 ou 7, [Angela] Merkel considerou a internet algo novo”, disse.
Münchau considerou ainda que há que ser “realistas” e constatar que os grandes avanços tecnológicos do século XXI, como a inteligência artificial ou os carros elétricos e autónomos, “não são invenções alemãs, nem europeias”.
Sobre a administração norte-americana, Münchau antevê que “o cenário mais benigno será a existência de tarifas económicas nos 10%” e que estas taxas ficarão para lá de Donald Trump.
O economista considera que, no futuro, quando Trump deixar a Casa Branca, o “diálogo será mais educado”, mas “não vai ser fundamentalmente diferente”.
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