Mas não estavam a decorrer negociações com a TAP para fazer ligações do Porto a Nova Iorque e Luanda, por exemplo?
Por parte da TAP, sim. Mas ainda não está concretizado, é agora para o verão IATA 2023. O mercado americano interessa-nos, mas o angolano não é um mercado estratégico para o Porto e Norte. Claro que é bem-vindo, mas não é considerado estratégico.
E continuam as negociações com outras companhias para trazer mais turistas e, especialmente, de valor acrescentado?
Essa é uma preocupação nossa e do Turismo de Portugal. Aliás, fazemos este trabalho alinhados e um dos objetivos tem a ver com o tipo de turista que queremos receber na região e no país. Daí trabalharmos com estes mercados, chamados de alto rendimento, como os que referi da Ásia-Pacífico, Estados Unidos, Canadá.
E por isso é que estamos também a realizar muitas ações de promoção externa nestes territórios, para conseguir captar e continuar a aumentar esta tendência, em 2022 resultou muito bem. Estivemos em Washington, Chicago, Boston, Montreal, Toronto, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Gramado. Tivemos muitas ações de promoção e foram todas bem-sucedidas, o resultado em 2022 não podia ter sido melhor.
Temos tudo para acreditar que 2023 vai ser novamente um ano muito bom
E 2023? Pelo que me está a dizer, as expetativas são de continuar a crescer. É por isso que há tempos vaticinou que este iria ser um ano histórico para a região?
Sim, é por isso. Mas é importante ter aqui também alguma cautela e não esquecer que vivemos uma situação ainda de guerra no nosso Continente. Por vezes esquecemos que ela existe, mas existe. Sabemos como começou, não sabemos como é que vai terminar.
Agora, se houver uma solução rápida para o conflito, se ele não fizer agravar a inflação e fazer com que algumas economias importantes na Europa – por exemplo, a alemã – entrem em recessão, se não aumentar os custos das matérias-primas e da energia para os empresários, se isto não acontecer, temos a certeza de que estamos numa trajetória de crescimento e vamos conseguir passar este recorde de 2022. Neste momento, em termos de mercados, só nos falta chegar à Ásia-Pacífico. O regresso da Emirates, em 2024, é uma excelente notícia e estas novas aberturas com Israel, também.
Depois temos o resto. É que Portugal, mesmo com a guerra, vai beneficiando do facto de ser aquele país que está mais afastado do conflito na Europa. Continua a ser percebido como um país seguro e nós vamos também beneficiando um pouco dessa circunstância. Portanto, eu acho que temos tudo para acreditar que 2023 vai ser novamente um ano muito bom.
E como é que classificaria neste momento o destino Porto e Norte? Já não é propriamente acessível a todas as bolsas, nomeadamente dos portugueses.
O Porto e Norte tem a vantagem de ter oferta para todas as bolsas, usando a mesma expressão. Mas não podemos fazer dois discursos. Por um lado, dizer que é importante crescer em valor. E quem diz no turismo, diz no peço dos vinhos, na qualidade que é percebida. E depois, quando o valor começa a crescer, dizermos que está muito caro. Porque estamos a entrar em contrassenso.
Se queremos atrair mercados com outro rendimento também temos de saber trabalhar o preço que é percecionado. Havia uma falha neste segmento de luxo, não tínhamos tanta oferta como a necessária para receber um maior número de turistas. Mas hoje, felizmente, conseguimos ter infraestruturas de grande qualidade em toda a região. E acredito que isso também vai entrar no radar deste tipo de turistas e vão conseguir percecionar o Porto Norte como um destino onde se podem também fazer férias de luxo.
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