O ano de 2019 será um dos mais fortes de sempre nos mercados financeiros devido aos recordes batidos nas bolsas e ao fenómeno dos juros negativos nas obrigações.
As bolsas tiveram o seu melhor ano de sempre desde a crise. Vários índices acionistas bateram recordes, incluindo o Nasdaq, que ultrapassou pela primeira vez os 9.000 pontos. A era do dinheiro barato explica em grande parte esta subida. O desanuviar de incertezas em torno do Brexit e a diminuição de tensão entre os EUA e a China na guerra comercial ajudam ao sentimento mais positivo.
Na Europa, o índice Stoxx 600 deverá fechar o ano em máximos de sempre, com um ganho acumulado no ano de cerca de 25%. Em Wall Street, o Dow Jones soma ganhos de quase 25%, o S&P 500 avança 30% e o Nasdaq 40%. Os índices norte-americanos bateram recordes, com o Nasdaq a bater os 9.000 pontos.
As bolsas valorizaram 17 biliões de dólares este ano (15 biliões de euros) aproximando-se dos 90 biliões de dólares (80 biliões de euros), segundo cálculos do Deutsche Bank. Entre as cotadas que brilharam este ano está a Apple – fabricante do iPhone – que passou a marca do bilião de dólares de valor em bolsa, com ganhos de 82%.
Lisboa não acompanhou os fortes ganhos das pares europeias e subiu uns meros 10%.
Juros negativos alastram
O Banco Central Europeu voltou a cortar as taxas de juro e relançou o programa de estímulos ao crescimento económico. Nos EUA, a Reserva Federal, desceu as taxas de juro três vezes em 2019, as primeiras desde a crise financeira.
No mercado de dívida, assistiu-se ao impensável, com os juros negativos a alargarem-se a cada vez mais títulos. Em outubro, até a Grécia emitiu dívida, a três meses, com juros abaixo de zero. Os juros das obrigações soberanas da República portuguesa seguem na casa dos -0,127%.
Dívida anima Lisboa
O PSI20 subiu cerca de 10% em 2019, aquém dos ganhos das pares europeias, apesar das empresas cotadas do PSI20 terem pago 2,45 mil milhões de euros em dividendos. A EDP foi a cotada que pagou mais dividendos – 695 milhões de euros – distribuindo 134% do resultado líquido. A Galp Energia pagou 522 milhões, ou 74% dos lucros.
Nota ainda para o facto do mercado português ter atraído 100 mil investidores de retalho para as obrigações. Apesar das emissões de dívida em Lisboa terem ficado aquém dos valores de 2018, a Euronext registou operações de relevo, incluindo uma da TAP e outra da SIC. As emissões de dívida em Lisboa atingiram os 19,9 mil milhões de euros em 2019, menos 25% do que em 2018, segundo dados da Euronext Lisbon, que passou a ser presidida por Isabel Ucha a partir de 1 de janeiro.
Maior IPO de sempre
2019 foi também o ano da maior estreia em Bolsa de sempre, com a Oferta Pública Inicial (IPO na sigla inglesa) da petrolífera estatal da Arábia Saudita, a Saudi Aramco. A empresa encaixou 25,6 mil milhões de dólares (22,8 mil milhões de euros) com a operação. A Uber protagonizou o segundo maior IPO do ano e o maior de Silicon Valley dos últimos anos. A empresa que opera uma plataforma de transportes financiou-se em 8.100 milhões de dólares (7,2 mil milhões de euros) na sua estreia em Bolsa em maio. Ainda assim, o ano de 2019 viu o valor de IPOs descer 10% em termos mundiais, para 188.900 mil milhões de dólares (169 mil milhões de euros), segundo dados da consultora Dealogic.
No mercado de fusões e aquisições, a maior operação foi a fusão da Raytheon com a United Technologies que resultou num gigante da defesa e indústria aeroespacial avaliada em 121 mil milhões de dólares (102 mil milhões de euros).
Ouro e bitcoin em alta
Noutros tipos de ativos, o ouro deverá registar o melhor ano desde 2010, na casa dos 1.500 dólares a onça. Os preços do petróleo subiram em 2019. O barril de Brent valorizou 26% e ronda os 66 dólares o barril o crude avançou 35% e segue acima dos 61 dólares o barril. O euro recuou cerca de 2% face ao dólar. No mercado de criptomoedas, a bitcoin duplicou o seu valor. Fecha o ano acima dos 7.000 dólares.
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