Nos Estados Unidos, as companhias aéreas estão a alertar para o perigo de interferência das torres de tecnologia 5G com os aviões.
Por isso, a pedido do Governo norte-americano, duas empresas de telecomunicações decidiram adiar a ativação de torres próximas do aeroporto.
Quando devia o 5G entrar em funcionamento?
Estava previsto que a rede 5G entrasse em funcionamento nesta quarta-feira, mas os avisos que entretanto vieram a público levaram a não avançar, para já, com a tecnologia num raio de cerca de três quilómetros dos principais aeroportos.
Que receios há ao certo?
O 5G é a mais recente geração de comunicações, que permite que a internet e os telemóveis transmitam muito mais dados e com maior velocidade.
Para isso, utiliza frequências radioeléctricas, tal como acontece com outros tipos de transmissões sem fios – televisão, rádio, telefone, internet, só para citar alguns – porque na verdade estamos permanentemente rodeados de emissões radioelétricas.
Mas, cada uma utiliza uma banda de frequências própria (caso contrário, ao ligar a televisão, poderiam aparecer os telefonemas do vizinho). O que se passa é que, nos Estados, a frequência em que vai funcionar o 5G é muito próximas das utilizadas por alguns equipamentos dos aviões, nomeadamente certos modelos de radioaltímetros, que, como o nome indica, permitem determinar a altura a que se encontra o avião, ou seja, a distância em relação ao solo, o que é decisivo, muito em especial no momento das aterragens.
Foi por isso que companhias e associações do transporte aéreo alertaram para o risco de interferências, que poderiam ter resultados catastróficos – se não em acidentes, pelo menos nos potenciais atrasos e cancelamentos de milhares de voos.
Mas só estamos a falar dos Estados Unidos ou também existe esse perigo na Europa?
Na Europa, as redes de 5G operam em frequências diferentes, mais baixas do que as que foram definidas nos Estados Unidos, o que reduz o risco de interferências.
O que pode acontecer é aviões de companhias internacionais terem problemas nos Estados Unidos. Nos últimos dias, várias das principais transportadoras, incluindo a Emirates, a Air India e a Japan Airlines, anunciaram mesmo o cancelamento de vários voos para os Estados Unidos devido a estes receios.
Mas porque é que este problema não foi resolvido antes?
Os alertas para esta situação não são, de facto, de hoje, mas houve um passar de responsabilidades entre a indústria aeronáutica e as empresas de telecomunicações.
Cada qual considera que devem ser os outros a solucionar o problema: as empresas de comunicações dizem que deve ser o setor aéreo a criar zonas-tampão em torno dos aeroportos; as companhias aéreas afirmam que deve ser a indústria de telecomunicações a responsabilizar-se pela solução.
E com isto chegámos ao dia em que o serviço de 5G deveria ser acionado nos Estados Unidos e teve de ser adiado nas torres colocadas junto a diversos aeroportos.
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