//6% dos créditos da casa em dificuldade foram contraídos nos últimos dois anos

6% dos créditos da casa em dificuldade foram contraídos nos últimos dois anos

Em julho deste ano, o Banco de Portugal avançou com um conjunto de ‘travões’ à concessão de créditos, mas para algumas famílias a imposição destes limites chegou tarde. Prova disso mesmo está no facto de 6% dos casos de derrapagem nas prestações da casa que chegaram ao Gabinete de Apoio ao Sobre endividado (GAS) da Deco dizerem respeito a empréstimos contraídos apenas nestes últimos dois anos.

Entre janeiro e este final de outubro, o GAS recebeu 26 180 pedidos de ajuda que deram origem à abertura de 2077 processos de sobreendividamento. Em ambos os casos o número ultrapassa a realidade registada no mesmo período do ano passado – 20 080 pedidos de ajuda e 2001 processos. Mas o que mais preocupa Natália Nunes, a coordenadora do GAS, é a perceção de que muitas destas situações estão a ser originadas por créditos recentes.

Entre os processos abertos pelo GAS ao longo deste ano, há 43% com as prestações do empréstimo da casa a entrar em derrapagem e deste 6% dizem respeito a empréstimos feitos em 2016 e 2017. A estas situações junta-se o facto de entre os 32% que estão já em situação de incumprimento se incluírem 8% que fizerem créditos a mais de 46 anos de prazo.

Na data em que se assinala o Dia Mundial da Poupança, Natália Nunes deixa um alerta: a Deco está também já a receber pedidos de ajuda por causa de crédito ao consumo contraídos este ano. A este nível, o incumprimento regista-se sobretudo em empréstimos contraídos online. “Estamos a assistir a uma subida de incumprimento em créditos contraídos online, o que é muito preocupante porque poderão não estar acauteladas todas as novas limitações à concessão de crédito” refere a coordenadora do GAS. Estas situações já levaram a associação mde defesa dos consumidores a escrever ao Banco de Portugal, alertando para a cada vez maior utilização deste canal.

Entre os travões à concessão de crédito que estão em vigor desde julho está a taxa de esforço, com o Banco de Portugal a recomendar que esta não deve ultrapassar os 50%. A realidade é, no entanto, distinta. Entre os sobre-endividados que pediram ajuda ao GAS em 2018, a taxa de esforço média ronda 72%, o valor mais elevado desde 2015.

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