//“A Caixa vai continuar a ser digna da confiança dos portugueses”

“A Caixa vai continuar a ser digna da confiança dos portugueses”

Antes da apresentação dos resultados de 2018 da Caixa Geral de Depósitos, Emílio Rui Vilar fez uma declaração sobre a auditoria de que o banco público foi alvo, justificando as palavras com o “tempo mediático e politico” que o assunto ganhou.

“A auditoria ganhou nova dimensão mediática e politica com a divulgação da versão preliminar do relatório, documento interno que nunca foi recebido na CGD”, sublinhou o administrador.

“A Caixa cumpriu todas as obrigações que lhe foram cometidas pela deliberação do Governo, no sentido de ser realizada a auditoria interdependente a atos de gestão entre 2000 e 2015. Tomou todas as cautelas para assegurar a fiabilidade do trabalho, quer na seleção da auditora quer na avaliação de qualidade feita por outra auditora, a PwC. O relatório final enviado a 26 de junho do ano passado foi enviado ao Banco e Portugal e ao BCE”, afirmou Rui Vilar.

A mesma auditoria foi enviada à Procuradoria Geral da República, onde decorre, continuou Rui Vilar, desde meados de 2016, um processo de inquérito sobre o mesmo tema.

A CGD “iniciou uma análise aos casos onde será possível agir, para obter reparação em sede de responsabilidade civil”, estando “a cumprir todas as obrigações determinadas pelo acionista e pelo Banco de Portugal”. O banco aproveitou ainda, acrescentou o responsável, “para rever e reforçar os mecanismos de prevenção e defesa de riscos, para evitar falhas no futuro”.

O responsável garantiu que o banco do Estado é e vai “continuar a ser digno da confiança dos portugueses”, estando a “cumprir e ultrapassar as metas do plano estratégico”.

A Caixa apresentou lucros de 496 milhões de euros no ano passado. Os resultados, segundo Rui Vilar, “possibilitam iniciar remuneração do capital”, ou seja, pagar dividendos ao Estado.

A versão preliminar da auditoria da EY aos atos de gestão na CGD entre 2000 e 2015 identificou perdas de 1,2 mil milhões de euros em apenas 46 grandes empréstimos. Após as conclusões desse documento terem sido tornado públicas pela antiga deputada do Bloco de Esquerda, Joana Amaral Dias, o Ministério Público informou que não tinha “nada a opor” para que a CGD entregasse a versão final da auditoria ao Parlamento, já que o banco público estaria em condições de expurgar informação do documento que considerasse estar em segredo bancário.

Os deputados tinham exigido esse documento por várias vezes. Mas esses pedidos esbarraram nos argumentos de que não se poderia violar o sigilo bancário e, mais tarde, o segredo de justiça. Após a autorização do Ministério Público, Paulo Macedo entregou a auditoria na Assembleia da República esta sexta-feira. Mas com a informação sobre os devedores truncada. No entanto, o presidente da CGD admitiu que o relatório poderá ser disponibilizado na íntegra caso entretanto seja promulgada a lei dos grandes devedores. O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já indicou que vai dar luz verde a essa legislação.

A versão preliminar, que a EY disse ser apenas um documento de trabalho, indicava que entre os empréstimos mais ruinosos da CGD estavam financiamentos concedidos à La Seda para construir uma fábrica em Sines, ao empresário Manuel Fino, a Joe Berardo, a entidades acionistas da La Seda e ao empreendimento de Vale do Lobo.

Ver fonte