//Abrdn: “Todos os setores podem ganhar com a economia azul”

Abrdn: “Todos os setores podem ganhar com a economia azul”

A economia azul é um mar de oportunidades para empresas de quase todos os setores. Desde o turismo, energia, pescas, farmacêutica até ao transporte marítimo, a lista atividades que pode tirar proveito do oceano é longa. Mas para usufruir de todo o seu potencial, é preciso promover a “literacia sobre o oceano” e mantê-lo “saudável”, alertou Daniel Bowie-MacDonald, especialista em investimento da gestora de ativos britânica Abrdn.

Segundo o responsável, se os oceanos tiverem saúde praticamente “todos os setores vão ganhar”, mas existem algumas indústrias que podem beneficiar mais com a economia dos oceanos. “Milhares de milhões de pessoas em todo o mundo vivem a 100 km da costa e muitas delas dependem do oceano como fonte de rendimento”, começou por explicar o responsável do fundo que assinou uma parceria com a Unesco para promover o investimento em educação e investigação sobre o tema. Nesse sentido, a economia azul pode aumentar as receitas das comunidades costeiras através da promoção do turismo e da pesca, acrescentou. O Banco Mundial estima que 60 milhões de pessoas em todo o mundo estejam empregadas na pesca e na piscicultura. Mas os exemplos do especialista não ficam por aqui.

A indústria farmacêutica também poderá mergulhar nesta nova janela de oportunidade. As mais recentes estimativas da Comissão Europeia apontam para que as vantagens deste setor com a biodiversidade marinha possa chegar aos 5,7 biliões de euros. “As algas marinhas já são amplamente utilizadas em produtos cosméticos”, detalhou Daniel Bowie-MacDonald. Além disso, o esqualeno, feito com óleo de fígado de tubarão, “tem sido usado nas vacinas da covid-19, pois aumenta a resposta do sistema imunológico”, apontou.

O transporte marítimo é outro dos segmentos que mais pode ganhar com a economia azul. “Até 90% das mercadorias comercializadas são transportadas por navios e espera-se que duplique e até triplique nas próximas décadas”.

Questionado sobre quais as áreas de atividade que, ao contrário, podem por em causa a preservação dos oceanos, o responsável referiu que “qualquer setor envolvido em práticas comerciais irresponsáveis ou insustentáveis ​​pode ser visto como uma ameaça. O uso irresponsável de plásticos, pesticidas, metais pesados, derrame de petróleo, nitratos e fosfatos de setores como agricultura ou cultivo intensivo são apenas alguns exemplos”. No entanto, acredita que essas tendências podem ser combatidas. Como? “Através de uma combinação de fatores, incluindo inovação tecnológica e educação”, através da “literacia dos oceanos”, reforçou.

Sobre a aposta em concreto de Portugal na economia azul, Daniel Bowie-MacDonald referiu apenas que se trata de “um país cuja história, cultura e economia foram influenciadas pelo mar”. E como prova deste peso, relembrou que o setor marítimo representa mais de 5% do PIB , 5% das exportações e 4% do emprego. Por isso, não tem dúvidas “que Portugal tem um forte interesse em ter um oceano saudável”.