//Acordo com Trump sobre tarifas é “quase rendição” da União Europeia

Acordo com Trump sobre tarifas é “quase rendição” da União Europeia

O professor universitário e especialista em assuntos europeus, Paulo Almeida Sande, considera que o entendimento comercial entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos é um “mau acordo” e representa uma “quase rendição” dos europeus.

“Vai em sentido contrário àquilo que é a posição europeia, em matéria de comércio. O resultado é que os produtos que entravam nos Estados Unidos, naturalmente, muitos vão deixar de entrar porque o próprio mercado americano será capaz de abastecer esses produtos ou irá encontrar noutro lado, soluções mais baratas do que as europeias. E aqueles que entrarem, naturalmente, irão causar inflação, e estarão mais caros para os consumidores norte-americanos. Portanto, é um mau acordo para o comércio em geral, para a economia. Enfim, é um mau princípio a Europa ter cedido esta maneira”, lamenta Paulo Almeida Sande, em declarações à Renascença.

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Paulo Sande afirma também que a União Europeia fica numa posição mais enfraquecida perante a economia norte-americana e entende que o bloco europeu deve agora criar parcerias com outros países.

“A Europa vai ter de fazer acordos de outra natureza, de livre comércio, de cooperação com outros países e com outras regiões do mundo. Nesta que é a mais importante relação comercial do mundo, a Europa, de facto, dá um sinal de fraqueza, de pouca capacidade, de pouco poder negocial. Isso não é positivo, nunca é positivo, ainda para mais num período de tanta incerteza. Não são boas notícias, até para o futuro da União Europeia”, advoga.

Paulo Almeida Sande identifica como único ponto positivo o facto de o acordo estabelecido poder dar alguma estabilidade aos mercados, mas o especialista em assuntos europeus não deixa de o classificar como uma “quase rendição” perante a economia norte-americana e o governo de Donald Trump.

“O acordo tem alguma virtude que é dar alguma estabilidade e dar alguma confiança, no sentido de, pelo menos, sabermos com o que podemos contar. Mas, daquilo que se trata, no fundo, é quase que uma rendição. Usula von der Leyen disse que era o acordo possível, só que o acordo possível, nestas condições, não é certamente um bom acordo”, sustenta.

O acordo comercial anunciado no domingo em Turnberry, na Escócia, pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, fixa em 15% as tarifas aduaneiras norte-americanas sobre os produtos europeus.

O mesmo acordo prevê também um compromisso da Europa sobre a compra de energia norte-americana no valor de 750 mil milhões de dólares (cerca de 642 mil milhões de euros) visando nomeadamente substituir o gás russo — e o investimento de 600 mil milhões adicionais (514 mil milhões de euros), além de aumentar as aquisições de material militar.

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