//Acordo comercial UE-EUA “não foi tão desequilibrado como possa parecer”

Acordo comercial UE-EUA “não foi tão desequilibrado como possa parecer”

O acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos da América, que estabelece tarifas de 15% sobre as exportações europeias, entra em vigor esta sexta-feira. O professor de Risco Geopolítico da Porto Business School, Jorge Rodrigues, não considera o acordo “desequilibrado”, ao contrário de muitos analistas.

“De um ponto de vista pragmático, [o acordo] não foi tão desequilibrado como possa parecer à primeira vista e as vantagens, realmente, são superiores aos problemas que eventualmente venham a ser criados”, afirmou em declarações à Renascença.

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No seu entender, o pacto comercial “dá previsibilidade e estabilidade [ao mercado], permite desenvolver estratégias a longo prazo, protege a maior área de negócios que realmente é trabalhada entre a União Europeia e os Estados Unidos e, portanto, abre portas a uma evolução mais favorável”.

O acordo inclui a exportação de automóveis e medicamentos, os maiores mercados de exportação europeia para os EUA.

As taxas aduaneiras de 15% foram alcançadas depois de a União Europeia ter concordado em investir 750 mil milhões de dólares em energia ao longo de três anos, bem como 600 mil milhões de dólares nos Estados Unidos, equipamento militar e abertura de países ao comércio livre.

Quanto a esta questão, Jorge Rodrigues não vê qualquer confusão, pois “o que foi prometido como investimento não passa verdadeiramente de concretizar aquilo que está identificado como as necessidades de aquisições dentro das áreas de defesa, de energia e a nível tecnológico”.

Por isso, o professor universitário considera que Bruxelas agiu com pragmatismo para evitar uma guerra comercial.

“Alguns setores deveriam ser mais protegidos”

Contudo, considera que as tarifas deveriam ter sido melhor negociadas em alguns setores, como o agrícola, têxtil, do metal ou mecânico. “Houve uma universalidade de tarifas nos 15% e há alguns setores que deveriam ser mais protegidos”, disse.

Jorge Rodrigues ressalva que “gostaríamos de ter mais e melhor”, mas que a capacidade de negociação do Velho Continente está limitada não só “porque temos uma Europa dividida, com algumas dificuldades de integração definitiva e que, portanto, não consegue falar como um só ator”, como também pela dependência em relação aos Estados Unidos “em planos como a segurança (…) e numa eventual disrupção tecnológica exponenciada pela questão dos chips e da Inteligência Artificial”. Considera assim que a Europa “já não está no centro do mundo”.

“Analisando todo o contexto, foi o negócio possível, podia ser pior, mas definitivamente positivo para a União Europeia”, concluiu.

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