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A pandemia não passou sem deixar marcas por nenhum destino turístico e os Açores confirmam essa regra. O governo regional aplicou medidas específicas para tentar ajudar o setor turístico e, consequentemente, outros que acabam por estar interligados e relacionar-se com esta atividade. E estão ativas campanhas promocionais nos mercados externos para não deixar cair a atividade turística, um dos motores da economia regional.
Até agosto, as nove ilhas açorianas contaram com quase 152 mil hóspedes, bem abaixo dos 544 mil registados nos primeiros oito meses de 2019, e pouco mais de 420 mil dormidas, menos 74,2% do que em igual período de 2019, segundo os dados do INE. A secretária regional da Energia, Ambiente e Turismo, assume ao Dinheiro Vivo que o governo açoriano “implementou, desde logo, um conjunto de medidas alargadas aos diversos setores de atividade, com o objetivo de minimizar as consequências na vida dos açorianos”.
Dependentes do transporte aéreo, os Açores viram os seus principais mercados fecharem as portas cedo. Por um lado, a forte ligação à América do Norte está praticamente interrompida há meses, dado que as viagens transatlânticas estiveram canceladas e são agora muito reduzidas. E mesmo os mercados europeus, com destaque para o germânico e o escandinavo, diminuíram as viagens para o exterior devido à atual conjuntura. O governo de Ponta Delgada tem por isso, apostado no apoio à proteção do emprego e dos postos de trabalho, assim como às necessidade de liquidez das empresas.
Foi feita ainda uma avaliação e criado um grupo de trabalho para perceber as “condições especiais que tinham de ser criadas para acudir à realidade empresarial regional, principalmente assegurando algumas componentes de apoio não reembolsável e, assim, proporcionando uma redução dos rácios de endividamento para as empresas que as linhas nacionais iriam obrigar”, explica ainda Marta Guerreiro.
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“Na componente dos efeitos económicos desta situação foi decidido aplicar diretamente à região todas as medidas de apoio às empresas definidas a nível nacional, procedendo-se, quando necessário, às devidas adaptações.”
No total, o governo regional implementou 70 medidas, algumas dirigidas ao turismo, que complementam as medidas nacionais “e que asseguraram às empresas regionais um nível de proteção superior, mas também a medida de apoio aos custos fixos das empresas do setor do turismo, assim como as de fomento ao consumo em empresas do turismo”.
O turismo tem ramificações com outros setores de atividade e, por isso, a quebra dos viajantes acaba por ter efeitos mais amplos. Marta Guerreiro assume que “neste momento, não obstante não ser possível dispor de números concretos, mantemos uma ação focada e atenta à situação que se vive nos vários domínios, particularmente nesta atividade. E fazemos este acompanhamento porque o turismo tem, também, permitido o desenvolvimento de outros setores, por via do aumento de vendas para as empresas regionais, com impactos claros na produção agrícola regional, na indústria, no pequeno comércio, no artesanato, entre tantos outros”.
Retoma não está à vista
O turismo tem sido um dos motores do desenvolvimento económico da região. E essa aposta é para manter, assume a responsável. “Estamos a falar de um setor que se tem evidenciado como cada vez mais importante num desenvolvimento integrado dos Açores, por via de um percurso que o governo regional tem vindo a seguir, reconhecendo que o turismo tem tudo para se assumir como o motor e o principal impulsionador do nosso desenvolvimento.”
A retoma da atividade turística é ainda uma incógnita. A evolução da pandemia é determinante para isso e, nesta altura, com cada vez mais países europeus a aplicarem medidas crescentemente restritivas ao nível dos movimentos não é possível perceber quando isso acontecerá. Contudo, os Açores não baixam os braços.
“O plano de retoma do Turismo dos Açores está desenhado em três fases. A primeira dedicada ao mercado regional, uma segunda dedicada ao mercado nacional e, finalmente, à medida que os turistas nos nossos principais mercados estratégicos forem ganhando maior confiança na realização de viagens, uma campanha dedicada ao mercado internacional”, assume a secretária regional.
Quanto os mercados internacionais, “estão a decorrer campanhas de marketing digital em cobranding com os operadores turísticos na Alemanha, na Suíça, em França e na Bélgica até dezembro de 2020, que permitem promover o destino Açores através dos canais de vendas dos operadores e agências de viagens”.
A responsável lembra ainda que em todos os mercados, “no geral, houve um reforço na presença online e offline através de publicações de referência como a National Geographic Traveller e a Condé Nast Traveller”.
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