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A associação ambientalista Zero interpôs uma ação judicial contra a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), para que seja efetuada uma Avaliação Ambiental Estratégica ao novo aeroporto do Montijo e às obras na Portela.
Carla Graça, da Zero, alerta para questões ambientais. “Obviamente, no caso do Montijo temos a questão do estuário do Tejo e da avifauna e questão do ruído. Mas é muito mais do que isso. É como é que isto vai impactar a região de Lisboa ao nível das acessibilidades, do parque habitacional e da pressão do turismo que tem de ser avaliado ao nível das várias alternativas possíveis”, explicou à Renascença.
A Zero refere, em comunicado, que desde o início do processo para a escolha de um local para a construção do novo aeroporto tem alertado para a necessidade de uma Avaliação Ambiental Estratégica, em vez de uma Avaliação de Impacto Ambiental.
A promotora da obra, a ANA – Aeroportos de Portugal, detida pela Vinci, apresentou um Estudo de Impacte Ambiental à APA, a autoridade para esta área, mas retirou o documento e está a melhorá-lo, prevendo voltar a entregá-lo até ao final deste mês.
Segundo a associação ambientalista, a avaliação é necessária, uma vez que a legislação europeia e nacional “assim o obriga”, mas também “por questões estratégicas e de planeamento de longo prazo”.
“Com esta ação judicial a Zero espera que seja possível avaliar de forma aprofundada e transparente quais as melhores opções para uma decisão que terá um profundo impacte no país durante as próximas décadas”, explicou.
Para a associação, a construção do novo aeroporto na Base Aérea n.º 6, no Montijo, distrito de Setúbal, e o aumento da capacidade do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, terão impactos ao nível de acessibilidades, instalação de atividades, dinâmicas de crescimento de pressão turística e efeitos demográficos, sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa.
Além disso, na visão da Zero, o aumento do tráfego aéreo terá impactos no ambiente, com consequências “nefastas” para a saúde humana, como o aumento de ruído e da poluição atmosférica.
Falta de transparência
Por estes motivos, a associação defende a elaboração de uma Avaliação Ambiental Estratégica, um estudo aprofundado que coloca em consideração as várias “opções possíveis”, comparando diferentes localizações e fazendo com que a decisão seja “informada sobre a melhor relação custo-benefício a longo prazo”.
Este processo tem sido pautado por uma “flagrante falta de transparência por parte do Governo”, acrescentaram os ambientalistas, acusando o executivo de “sonegar informação”, não permitindo o escrutínio por parte de terceiros, sejam os cidadãos ou outras entidades públicas.
“Deve ser salientado que a localização de um novo aeroporto no Montijo nunca constou de qualquer plano ou programa do Governo, nem nunca foi objeto de qualquer avaliação devidamente fundamentada. A instalação de um aeroporto no Montijo não consta em nenhum dos instrumentos de gestão territorial em vigor, nem sequer consta da proposta de revisão do Plano Nacional de Política de Ordenamento do Território — o PNPOT, nem sequer do Programa Nacional de Investimentos”, indicou.
Em agosto do ano passado, a Zero já tinha enviado uma queixa à Comissão Europeia contra o Estado Português, alertando para o “incumprimento da legislação” de Avaliação Ambiental Estratégica na decisão de construção do aeroporto do Montijo.
A ANA e o Estado assinaram em 8 de janeiro o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, que prevê um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 e inclui a extensão da atual estrutura Humberto Delgado (em Lisboa) e a transformação da base aérea do Montijo.
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