//Aeroporto em Santarém? Seria bom para o turismo e “a solução que menos onerava os contribuintes”

Aeroporto em Santarém? Seria bom para o turismo e “a solução que menos onerava os contribuintes”

Portugal precisa de captar mais turismo para a região Centro, por isso a localização do novo aeroporto deveria ser naquela zona do país, nomeadamente em Santarém, defende em entrevista à Renascença Purificação Reis, presidente da Associação Empresarial Ourém-Fátima (ACISO).

“Não é compreensível, na nossa opinião, que a solução de colocar o aeroporto central de Portugal na região Centro não esteja a ser equacionada da melhor maneira, como a solução mais viável”, começa por afirmar.

Purificação Reis considera que “seria a solução que menos onerava os contribuintes e que poderia mais rapidamente iniciar a sua construção”.

Todos ganhavam: a região e o país, garante. “O Centro precisa dessas respostas, tanto em termos de ferrovia, de alta velocidade, como em termos de uma solução aeroportuária de proximidade”, afirma a presidente da ACISO.

Para Purificação Reis, a opção Santarém seria a mais viável para a construção do novo aeroporto. “O projeto de Santarém esteve a ser avaliado e equacionado, e está dentro dos projetos com possibilidade de seguirem em frente em termos da Comissão Técnica Independente. E penso que seria – que é – uma perda muito grande para o país e para a região Centro se não agarrar esta oportunidade de captar este aeroporto para ser construído aqui em Santarém”.

Mais inteligência artificial e turismo sustentável

O XX Congresso Internacional de Turismo Religioso e Sustentável, que a ACISO organiza, arranca esta quinta-feira, em Fátima. Entre outras questões, vai falar-se da adaptação do setor turístico à inteligência artificial (IA).

A presidente da Associação Empresarial Ourém-Fátima defende que a inteligência artificial “vai servir para otimizar custos, minimizar equipas” e “substituir pessoas”, um aspeto “um pouco polémico”, admite.

“De que forma é que o cliente se vai adaptar, ou não, a muitos dos serviços lhe serem prestados através de robôs? Penso que as novas gerações estão muito mais recetivas, mas, de facto, estas questões económicas também vão moldar o setor e as empresas serão certamente as primeiras a adaptarem-se, porque têm essa necessidade. É um desafio, um grande desafio e acho que não pode ficar à margem da discussão destes temas”, sublinha.

Em debate no congresso de Fátima vão estar também propostas para o turismo sustentável, com menos impacto no ambiente. “É um compromisso que todos temos que ter”, diz Purificação Reis.

Outra das preocupações é a comunicação. A presidente da ACISO lembra que o turismo religioso, com a visita a locais sagrados, tem especificidades que obrigam a cuidados maiores, e dá como exemplo Fátima, onde o que move a maior parte dos visitantes é a fé e não a mera curiosidade turística.

Turismo religioso recupera da pandemia

Purificação Reis lembra que toda a economia do concelho está “muito baseada” no turismo religioso: “Temos 50 hotéis, mais de 80 estabelecimentos de alojamento turístico, temos um sem número de restaurantes, até o comércio local é um comércio muito sustentado com os souvenirs, as recordações de Fátima. Portanto, é toda uma economia muito dependente e suportada no turismo religioso”.

Na pandemia de Covid-19 alguns hotéis fecharam, mas houve reaberturas posteriores. “Penso que apenas um não voltou a abrir”, refere.

Os dados oficiais indicam que, em 2023, o Santuário de Fátima retomou de forma plena a sua missão primordial, o acolhimento de peregrinos, ao ultrapassar os registos de 2022”, batendo o número global de visitantes e de peregrinações organizadas, o número de celebrações e o leque de países de onde os peregrinos são provenientes. O número de peregrinos que participou em pelo menos uma celebração do Santuário, em 2023, foi de 6,8 milhões, mais 39% do que no ano anterior.

A par do XX Congresso Internacional de Turismo Religioso e Sustentável, que recebeu 550 inscrições, decorrem os XI Workshops Internacionais de Turismo Religioso, que este ano, além de Fátima, se estendem também à cidade da Guarda.

“A parte dos workshops é só para inscritos, é business, e há todo um calendários de contactos pré-agendado”, explica a presidente da ACISO. Só para as reuniões de negócios vieram 131 operadores turísticos internacionais de 40 nacionalidades, que vão reunir-se com os empresários do setor turístico.

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