//Agência pede a Governo que mantenha foco na redução dívida

Agência pede a Governo que mantenha foco na redução dívida

A Morningstar DBRS espera que o próximo Governo “mantenha o empenho” em políticas orçamentais prudentes e na redução da dívida, mas alerta para os maiores desafios externos e para a instabilidade resultante da fragmentação parlamentar.

“O próximo Governo enfrentará maiores desafios, especialmente na frente externa, e poderá não durar devido a um parlamento ainda fragmentado. No entanto, esperamos que mantenha o seu empenho em políticas orçamentais prudentes e numa maior redução do peso da dívida de Portugal”, afirma o vice-presidente sénior da Morningstar DBRS, Javier Rouillet, citado num comunicado.

Para a agência de notação financeira, é importante que a implementação das prioridades políticas do novo executivo, resultante da vitória da Aliança Democrática (AD) nas eleições de domingo, e o aumento das despesas com a defesa sigam “uma abordagem gradual que tenha em conta o espaço orçamental disponível em cada ano”.

Segundo a DBRS Morningstar, o Governo enfrentará na próxima legislatura “desafios semelhantes aos dos anos anteriores”, nomeadamente a implementação de reformas e investimentos ligados ao plano de recuperação e resiliência, a escassez de habitação a preços acessíveis e a gestão e integração dos fluxos migratórios internos.

“Além disso, Portugal enfrenta um contexto externo mais complexo, devido ao crescente protecionismo e ao aumento das tensões geopolíticas”, refere, salientando que “as pressões orçamentais estão a aumentar, nomeadamente devido à necessidade de aumentar as despesas com a defesa”.

Ainda assim, a expectativa da agência de “rating” é que o novo executivo “mantenha o seu compromisso de reduzir o rácio da dívida pública de Portugal, em linha com os governos anteriores da última década, e que implemente a sua agenda política e aumente gradualmente as despesas com a defesa sem comprometer o compromisso de Portugal com a responsabilidade orçamental”.

Na análise hoje divulgada, a DBRS refere que, face à vitória da AD sem maioria absoluta, “o cenário mais provável” é o de “um novo Governo minoritário liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, da AD, potencialmente apoiado pela Iniciativa Liberal sob a forma de uma coligação mais alargada ou de apoio parlamentar”.

Nota ainda que “os partidos centristas tradicionais já não detêm uma maioria de dois terços no parlamento” português, face às “novas incursões eleitorais do partido anti-imigração Chega”.

“De um modo mais geral, Portugal, classificado como A (elevado), tendência estável, deslocou-se ainda mais para a direita, com a combinação da AD, do Chega e da Iniciativa Liberal (IL) a caminho de conquistar dois terços dos lugares no parlamento, após os fracos resultados do Partido Socialista (PS) e de outros partidos mais pequenos à esquerda”, resume.

De acordo com a Morningstar DBBRS, o facto é que, “embora os resultados deem mais força à AD para a nova legislatura, o próximo Governo terá ainda de ter o apoio ou a abstenção de terceiros partidos para governar e legislar”. .

“Por conseguinte, a estabilidade do Governo poderá ser posta em causa e levar à realização de eleições antecipadas. No entanto, Portugal só poderá realizar eleições legislativas em maio de 2026”, conclui.

A AD venceu as eleições legislativas de domingo, com 89 deputados, enquanto PS e Chega empataram no número de eleitos para o parlamento, com 58 cada.

A Iniciativa Liberal continua a ser a quarta força política, com mais um deputado (9) do que em 2024, e o quinto lugar é do Livre, que passou de quatro a seis eleitos.

A CDU perdeu um eleito e ficou com três parlamentares, enquanto o Bloco de Esquerda está reduzido a uma representante, tal como o PAN, que manteve um deputado.

O JPP, da Madeira, conseguiu eleger um deputado. .

Estes resultados não incluem ainda os eleitores residentes no estrangeiro, cuja participação e escolhas serão conhecidas a 28 de maio.

Ver fonte

TAGS: