Os acionistas do BAD aprovaram na quinta-feira, em Abijan, o maior aumento de capital de sempre, elevando o capital social do banco para 208 mil milhões de dólares
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) vai aumentar o seu capital, que mais do que duplica, para 208 mil milhões de dólares (186,3 mil milhões de euros) e as agências de notação já reagiram com satisfação. Aliás, o aumento acontece, precisamente para não violar os rácios do nível de alavancagem das agências de rating. Para a Moddy’s, a operação fortalece o perfil de crédito do BAD, já a Fitch destaca a importância que os acionistas da instituição lhe atribuem no desenvolvimento africano.
“A aprovação de um aumento de capital de 125% pelo conselho de governadores vai fortalecer o apoio contratual e demonstra a vontade dos acionistas em apoiar o BAD”, disse David Rogovic à Lusa, comentando o aumento de capital do BAD de 93 mil milhões de dólares (83,3 mil milhões de euros) para 208 mil milhões de dólares (186,3 mil milhões de euros).
O aumento de capital foi decidido na quinta-feira, em Abidjan, Costa do Marfim, a sede do banco, numa reunião extraordinária de governadores do BAD. O vice-presidente da Moody’s e analista sénior no departamento de risco soberano explicou ainda que o aumento de capital do BAD é muito positivo para o perfil de crédito.
Rogovic disse que o aumento de capital “vai permitir ao BAD continuar a expandir os empréstimos focados nas cinco prioridades, ao mesmo tempo que mantém a adequada robustez de capital que sustenta o perfil de crédito”, que a Moody’s coloca no nível mais alto, o triplo A.
“O apoio muito forte dos acionistas melhora ainda mais o perfil de crédito, para além da sua intrínseca força financeira”, concluiu o analista, contactado pela Lusa em Londres.
Já o diretor adjunto da equipa de análise de crédito soberano da Fitch, Khamro Ruziev, refere que “o aumento de capital vai fortalecer o ‘rating’ de triplo A que depende primeiramente do apoio dos acionistas”.
Em declarações à Lusa a partir de Londres, o analista acrescentou que a decisão “demonstra a importância que os acionistas conferem ao mandato do banco para aumentar o desenvolvimento em África” e concluiu que este aumento “é consistente com a assunção da Fitch Ratings e com a mais recente revisão do ‘rating’” do banco.
A Fitch Rating, tal como as outras três maiores agências de notação financeira, atribuem um ‘rating’ de triplo A ao BAD, e a possibilidade de o banco quebrar uma das alíneas que determina a atribuição desta nota foi, aliás, uma das razões para o próprio aumento de capital.
O capital autorizado aumenta em 115 mil milhões de dólares (103 mil milhões de euros), dos quais 6,9% serão pagos em dinheiro pelos acionistas durante o período de 10 anos, e os restantes 108 mil milhões de dólares (96,7 mil milhões de euros) terão a forma de capital disponível se o banco o pedir aos acionistas.
Até final do ano, os acionistas serão ainda chamados a decidir sobre o ‘reabastecimento’ do montante de capital do Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD), que pode manter-se, ou aumentar 5%, 7,5% ou 10%, e cobre geralmente um período de três anos, cujo atual termina em 2020, e que teve um envelope financeiro de 7 mil milhões de dólares (6,2 mil milhões de euros).
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