O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) afirma que a atividade está em crescimento, mas o cenário mantém-se pautado de incerteza, o que leva a crer que a conjuntura ainda vá ter impacto no consumo.
“Para 2023 acho que o cenário não podia ser mais complexo. Temos uma enorme incerteza que está fundeada, pelo menos, na guerra, que enquanto durar pode escalar, mas não apenas na guerra, também na crise da Covid-19, apesar de tudo. Esta crise tardia na China não pode deixar de nos incomodar e não pode deixar de nos obrigar a acompanhar”, afirma Pedro Costa Ferreira à Lusa.
O responsável admitiu, no entanto, que a atividade do setor das agências de viagens está acima do que era expectável, com as reservas turísticas tanto para o primeiro trimestre como para a Páscoa a registarem crescimentos “seguramente de dois dígitos”, com mais oferta disponível e a preços mais altos.
Mas, reforça, “provavelmente não conhecemos maior incerteza desde que nos lembramos. Do ponto de vista do contexto macroeconómico é mais do que incerteza. É um contexto negativo: inflação, subida da taxa de juro, queda do poder de compra, desaceleração económica. Apesar dos últimos números indiciarem uma ligeira recuperação, mas não deixa de ser um panorama de desaceleração económica no país, na Europa e no mundo”.
“E dito tudo isto, diria que a única coisa que está a correr bem é a realidade”, reforçou.
Facto é que o balanço final de 2022 veio a saldar-se muito acima das expectativas no setor do turismo, com a recuperação dos anos de pandemia a dar-se a um ritmo muito superior ao que era estimado, a bater os recordes de 2019 – melhor ano de sempre do setor – e a tendência mantém-se.
“A realidade corre bem” porque no meio de tantas dificuldades, por um lado, económicas, e de incertezas geopolíticas, por outro, nós continuamos a ter um ritmo de reservas que cola perfeitamente com o que foi o final do ano. Portanto, não temos quebra e como não temos quebra no ritmo de reservas, o que nos vai acontecer é que no final do primeiro trimestre – não nos podemos esquecer que tivemos confinados dois dos três meses do anterior primeiro trimestre – vamos ter um crescimento muito significativo, relativamente ao ano passado”, explica.
Ainda assim, com a conjuntura na incerteza, Pedro Costa Ferreira sublinha não é dado como certo esta tendência otimista até ao final do ano.
“Sim, não quer isto dizer que esperamos que continue assim ao longo do ano. A inflação, a taxa de juro, a desaceleração vai ter que ter um efeito no consumo – senão não nos estão a contar a história certa -, mas, por outro lado, quanto mais tarde melhor, com certeza”, conclui.
Na quarta-feira, a gestora da BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, Dália Palma, disse, em entrevista à Lusa, que a organização está otimista com a conjuntura turística, estimando que a maior feira do setor em Portugal possa recuperar este ano o número de visitantes da edição de 2019, na altura estimado em mais de 70 mil.
Quando questionada se temiam que a conjuntura -, nomeadamente a taxa de inflação e os juros altos – pudesse ser uma `nuvem` a ensombrar as expectativas do setor, referiu que não, que o que se sente “por parte dos expositores é uma vontade enorme de estar no evento, de investir”.
A 33.ª edição da BTL vai decorrer, entre 1 e 5 de março, na Feira Internacional de Lisboa.
A Tunísia é o destino internacional convidado da BTL este ano, o Turismo do Centro o nacional e Aveiro o município convidado.
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