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Agricultores do distrito de Castelo Branco participaram esta segunda-feira numa marcha lenta na cidade do Fundão, para protestarem contra os aumentos dos custos de produção, resultantes da crise energética e da guerra, e para exigirem “medidas fortes” ao Governo.
A iniciativa foi promovida pela Associação Distrital dos Agricultores de Castelo Branco (ADACB), com os tratores e máquinas agrícolas a concentrarem-se na zona industrial do Fundão, percorrendo depois o percurso até à sede da associação e passando no centro da cidade.
Com ajuda de um megafone e auxílio das buzinas dos veículos, os agricultores alertaram para os problemas que enfrentam, designadamente a subida dos preços dos combustíveis, energia, rações e fertilizantes para valores como “não há memória”, apontou Mesquita Milheiro, presidente da ADACB.
“A agricultura está a ser asfixiada pelos custos de produção brutais. Eu sou agricultor há 50 anos e nunca assisti a um aumento dos custos de produção como agora está a acontecer. É um aumento da ordem dos 120%”, frisou.
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Sublinhando que os agricultores ainda estão a lidar com as consequências da pandemia de covid-19 e com os impactos da seca, Mesquita Milheiro vincou que a guerra veio piorar ainda mais a situação para o mundo rural e exigiu medidas e apoios ao Governo.
“Não é com pequenas medidas de mitigação que se resolve um problema desta dimensão. Tem de haver medidas fortes da parte do Governo, porque assim não é possível os agricultores continuarem”, apontou.
Aquele responsável sublinhou ainda que o aumento dos custos não é acompanhado pelos preços pagos aos agricultores e vincou que, neste momento, já todos os setores do mundo rural sofrem os impactos negativos dos aumentos.
“O gasóleo verde antes custava 80 cêntimos, agora está a um euro e meio e isto arruína qualquer atividade”, referiu.
Deu igualmente exemplo de um saco de adubo que antes custava cerca de 20 euros e que atualmente custa 45 a 50 euros ou dos herbicidas, cuja embalagem de 20 litros passou de 60 para 200 euros.
Mesquita Milheiro mostrou ainda preocupação de que alguns agricultores optem por não avançar com as próximas sementeiras e que alguns até possam abandonar a atividade.
Alertas e testemunhos que foram repetidos pelos agricultores que participaram nesta manifestação.
“Isto não tem cabimento. Além do gasóleo, as rações custam quase o dobro e os adubos quase três vezes mais. Desta maneira não há hipótese de a gente trabalhar”, apontou Adelino Santos, que tem produção pecuária.
João Luís Salvado também deita contas ao prejuízo e exige apoio ao Governo: “Da maneira como estão as coisas não se pode trabalhar. Não há dinheiro que resista. Andamos a tirar o que tínhamos poupado para não deixar morrer tudo, mas assim não pode continuar e o Governo tem de pôr mão nisto”.
Manuela Leal produz azeitona e também fez questão de marcar presença nesta marcha lenta, porque também tem visto os custos de produção aumentarem, sem que o retorno acompanhe tal escalada.
No âmbito desta ação, a ADACB vai enviar ao Governo uma resolução “em defesa da agricultura, do mundo rural e da soberania alimentar” em que se exigem medidas e apoios para travar as dificuldades.
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