Esta quarta-feira o Parlamento Europeu vai votar uma medida que pode implicar que os rótulos de garrafas e embalagens de álcool comportem avisos de risco de cancro, semelhante ao que acontece com os maços de tabaco.
A medida surge depois da conclusão de alguns estudos que indicam o álcool como um fator de risco para vários tipos de cancro.
A Renascença explica os principais pontos de uma decisão que pode ter consequências consideráveis para o setor das bebidas alcoólicas.
Vinhos podem ter de avisar sobre risco de provocar cancro?
Sim. A medida consta no Plano Europeu contra o Cancro e está em debate no Parlamento Europeu.
A ideia é que os rótulos de garrafas e embalagens de álcool tenham avisos e imagens semelhantes às que estão presentes nos maços de tabaco, a alertar para os riscos do consumo de álcool provocar cancro.
Há mais medidas em causa?
Sim. O Parlamento Europeu pode também decidir acabar com os patrocínios de bebidas alcoólicas aos eventos desportivos.
Esta medida teria um efeito considerável, como é o caso de Portugal, em que a Super Bock patrocina F.C. Porto e Sporting CP, assim como a Sagres patrocina o SL Benfica e a seleção nacional.
A nível internacional, a marca Heineken tem “branding” em diversos eventos desportivos, incluindo a Liga dos Campeões.
O Parlamento Europeu pode ainda promover um aumento dos impostos deste setor.
Porque é que surgiram estas medidas?
A discussão no Parlamento Europeu e as possíveis decisões que podem surgir esta quarta-feira acontecem depois da conclusão de um relatório elaborado pela Comissão Especial para a Luta contra o Cancro.
O grupo de trabalho constituído por elementos do Parlamento concluiu que “qualquer quantidade de álcool implica um risco de saúde”, sem que haja um “nível seguro de consumo”. E é a partir do relatório que surgem as medidas apresentadas acima.
A Comissão Europeia aprovou a conclusão do estudo com 29 votos a favor, um contra e quatro abstenções, o que obriga a uma análise do documento e a uma votação no Parlamento Europeu.
Qual é a reação do setor?
Em Portugal e nos restantes países produtores as reações do setor têm sido negativas.
Ao Expresso, a secretária-geral da Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal classifica a postura do relatório como “radical e fundamentalista” e critica que não haja uma distinção entre consumo excessivo e consumo com moderação.
Em declarações à Executive Digest, Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, sublinha que “alguns aspetos deste relatório danificam de forma gravosa a imagem e prestígio do sector vitivinícola, a nível nacional e europeu”.
Já a Organização Internacional do Vinho e da Vinha indicou num comunicado que reuniu-se com a Organização Mundial de Saúde para explicar “que o vinho não é prejudicial”.
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