//Algoritmo diz quem deve ser despedido na TAP. Trabalhadores não sabem como funciona e para onde vão os dados

Algoritmo diz quem deve ser despedido na TAP. Trabalhadores não sabem como funciona e para onde vão os dados

O SNPVAC não tem dúvidas. Para Henrique Louro Martins, a atitude da TAP pela forma como convoca os trabalhadores convidados a sair é, por si só, passível de ser considerada coação.

“Quando um trabalhador é chamado a uma empresa e é-lhe apresentado um resultado de um algoritmo, e a empresa comunica-lhe que ele faz parte de um excesso, que reúne as condições para sair da empresa, isto não tem outro nome senão pressão e alguma coação. As pessoas são chamadas, é-lhes apresentada esta situação e eles podem chamar a isto a uma rescisão por mútuo acordo, mas a pessoa é quase que chamada a assinar a sua própria saída”, critica o sindicalista.

“As pessoas estão a ser tratadas como números”

Numa entrevista à SIC, em 23 de abril, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, revelou que tinham sido enviados e-mails de conforto a pelo menos 6.240 trabalhadores a dizer que não estava em causa a sua permanência na empresa.

O e-mail não chegou, no entanto, para acalmar todos. O trabalhador contactado pela Renascença fala de um clima de “mal-estar”, de “ansiedade”, mesmo entre os pilotos e tripulantes que receberam o tal e-mail de conforto.

Para Henrique Louro Martins, o algoritmo usado para realizar a tarefa de selecionar trabalhadores “não tem coração, não tem sentimentos” e “está a causar na própria TAP uma ansiedade que ninguém quer”.

“Acho que é preciso perceber que nós somos mais do que números, somos pessoas. Isso não está a ser acautelado. As pessoas estão a ser tratadas como números. Pessoas que têm 20, 30 anos de casa, e mesmo que tivessem dois ou três. Ninguém pode ser observado desta maneira”, lamenta o dirigente do SNPVAC.

Também o SITAVA, o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos, disse ao “Jornal Económico” que o algoritmo da BCG como “uma artimanha inventada pelas consultoras e advogados de turno para segregar trabalhadores pelos mais variados motivos”.

O presidente do SNPVAC considera ainda que o algoritmo é “uma desculpa” da TAP, um método “para se dar as culpas noutra empresa que não a TAP”. Henrique Louro Martins diz achar “incompreensível que num país como o nosso, que faz parte da União Europeia, que se diz desenvolvido, ainda haja atentados aos trabalhadores desta natureza e que as autoridades fiquem impávidas e serenas para o que se está a passar.”

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