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A Avenida Almirante Reis em Lisboa vai ser parcialmente cortada ao trânsito no domingo, 29 de maio, por um “piquenique-manifestação”, uma ação de protesto contra a eliminação de ciclovias e medidas consideradas antimobilidade entretanto avançadas pelo presidente da câmara de Lisboa (CML), Carlos Moedas. O movimento “Lisboa para pessoas” organiza o evento.
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“O troço da Avenida Almirante Reis entre a Alameda e a Praça do Chile, no sentido descendente, vai estar cortado ao trânsito no próximo domingo, 29 de maio, entre as 17h e 20h”, diz a organização no seu site.
Este piquenique visa “ocupar a estrada e promover um convívio durante três horas no asfalto”, sendo que “o trânsito será desviado pela PSP no local, que já autorizou a realização desta ação de protesto”, acrescenta o movimento cidadão.
Na nota divulgada no seu site, o “Lisboa para pessoas” explica que o piquenique terá “a ciclovia como pano de fundo e que isto “não tem só a ver com a controversa ciclovia (as obras para a nova configuração arrancaram na semana passada), mas também com uma eventual devolução ao automóvel de espaço que tinha sido alocado ao comércio local”, acrescenta.
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Moedas começou a pintar de negro partes da ciclovia
Esta semana, os serviços camarários começaram a apagar a tinta verde que marca a ciclovia da Almirante Reis (no sentido ascendente, a ciclovia de sentido descendente Norte-Sul mantém-se) usando tinta preta, como o alcatrão.
Na quarta-feira, o vereador único do Bloco de Esquerda (BE), Ricardo Moreira, em substituição de Beatriz Gomes Dias, acusou na reunião pública do executivo da autarquia que “a ciclovia da Almirante Reis foi retirada hoje [quarta-feira], agora, esta noite. Há um troço que foi retirado, a sinalética foi retirada, foi arrancada do chão uma zona grande na Alameda esta noite mesmo”, referiu citado pela Lusa.
Ricardo Moreira manifestou-se “bastante desiludido” com Carlos Moedas, porque diz que houve o compromisso de agendar para a próxima reunião do executivo, na segunda-feira, uma proposta do BE, do Livre e da vereadora independente do Cidadãos por Lisboa (eleita pela coligação PS/Livre).
Esta iniciativa sugere que “antes de qualquer alteração na configuração do perfil da avenida” seja apresentado o projeto de alteração fundamentado para a ciclovia, abrindo “um período de recolha de contributos de não menos 30 dias”.
“Não há nenhuma consulta pública sobre um facto consumado, se as obras já avançaram, se há uma parte da ciclovia que já foi arrancada”, avisou o vereador do BE.
Moedas pronto a bloquear o bloqueio
Segundo a mesma notícia da Lusa, Carlos Moedas (que não tem maioria absoluta no executivo) disse desconhecer o avanço das obras, afirmou que se tratam apenas de “ensaios”, mas avisou logo que “houve todo um trabalho feito em relação à Almirante Reis”, em que foi decidido retirar metade da ciclovia após ouvir as pessoas.
Mas Moedas ressalvou que tal “não impede” a discussão da proposta para consulta pública, ainda que contra a sua vontade.
“Se a vossa proposta é parar tudo o que se está a fazer, que é o bloqueio que o senhor vereador está a preparar para fazer, nós bloquearemos, bloquearemos quando votarem esse bloqueio”, ameaçou o ex-comissário europeu, afirmando que “até lá não podemos parar de gerir a cidade”.
Moedas argumenta que já ouviu gente suficiente. “Isso vai ser levado a reunião de câmara e quando for levado eu votarei contra, porque considero que já ouvimos as pessoas”, atirou o edil.
Piquenique contra Moedas
Os organizadores do piquenique de domingo adotam o tom da oposição a Moedas dentro da câmara. Dizem que “o executivo municipal, encabeçado por Carlos Moedas, pretende avançar com a degradação das ciclovias e da mobilidade na cidade”.
Segundo a plataforma “Lisboa para pessoas”, “a decisão é uma só: mais carros nesta cidade”.
“Mais carros, mais emissões, menos bicicletas, menos pessoas a andar nas ruas. É uma decisão reiterada de escolher o passado, contra o conjunto da sociedade, obcecado com o privilégio projetado pelo marketing publicitário associado aos automóveis”.
A solução defendida por Moedas, antigo secretário de Estado do PSD responsável por acompanhar o plano de austeridade e ajustamento da troika, “não responde ao que a cidade precisa, ao que os transportes e a mobilidade precisam e e empurra-nos para o passado”, diz o movimento do piquenique.
A organização recomenda que as pessoas levem “mantas, toalhas e cestos de piquenique”.
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