A doença de Alzheimer tem custos anuais equivalentes a 1% do PIB e é responsável por cerca de 7% dos anos de vida perdidos por morte prematura para pessoas com 65 ou mais anos, indica um estudo divulgado nesta terça-feira.
O estudo “Custo e Carga da Doença de Alzheimer em Portugal”, conduzido pelo Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE), da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, indica que o impacto nos anos de vida perdidos é superior nas mulheres (7,6%) do que nos homens (6,4%).
As conclusões, com o apoio da empresa de biotecnologia Biogen, na área das neurociências, indicam também que o nível dos anos perdidos por incapacidade provocada pela doença está estimado em 45.754, mais de dois terços dos gerados pela arterosclerose.
De acordo com esta investigação, que avalia a presença da patologia numa amostra da população residente em Portugal Continental com idade igual ou superior a 65 anos, o país gasta todos os anos uma média de dois mil milhões de euros (em custos diretos médicos e não médicos) no combate à doença. Só os gastos com cuidadores informais atingem cerca de 1,1 mil milhões de euros.
Cuidadores informais e investigação científica
Os resultados do estudo colocam em perspetiva duas prioridades para Portugal, a primeira “a necessidade de se refletir sobre o papel do cuidador informal e a importância de ter estratégias e políticas públicas que garantam a proteção social e financeira deste grupo”, mas também a importância de “manter o foco na investigação científica e no desenvolvimento de tratamentos capazes de prolongar a qualidade de vida dos doentes”, diz a especialista Isabel Santana, citada no comunicado de divulgação do estudo.
Isabel Santana é professora catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, onde é diretora do Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e membro do Grupo de Estudos do Envelhecimento Cerebral e Demência.
A Alzheimer Portugal, uma instituição particular de solidariedade social, também citada no comunicado, concorda com a professora e lembra que uma das principais “bandeiras” da associação é “o reconhecimento das demências como uma prioridade nacional de saúde pública e a implementação dos Planos Regionais de Saúde para as demências”, nas palavras de Manuela Morais, presidente da Alzheimer Portugal.
O estudo é apresentado nesta terça-feira, numa iniciativa online organizada pela Alzheimer Portugal e que contempla um debate com especialistas.
A Alzheimer é uma doença neurológica progressiva e segundo o estudo do CEMBE deverá haver em Portugal cerca de 194 mil pessoas com demência, dos quais 60 a 80% são casos de doença de Alzheimer (perto de 145 mil).
“À medida que a idade avança, maior é a probabilidade de uma pessoa desenvolver esta patologia, tal como demonstram os dados recolhidos para este estudo, que indicam que a prevalência da doença de Alzheimer se encontra nos 1,76% nos homens entre os 65 e os 69 anos, chegando aos 12,75% naqueles com mais de 80 anos. No caso das mulheres, o grupo entre os 65 e os 69 anos regista uma prevalência de 0,35% da doença de Alzheimer, enquanto a população feminina com mais de 80 anos detém uma prevalência desta patologia de 13,61%”, diz-se no comunicado.
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