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Os analistas consultados pela Lusa mostram-se divididos sobre se a agência de notação financeira Moody’s irá avançar com uma melhoria da perspetiva da dívida soberana portuguesa na avaliação prevista para esta sexta-feira.
A Moody’s, que avalia atualmente a dívida soberana portuguesa em ‘Baa2’ com perspetiva estável, tem agendada para sexta-feira uma avaliação ao ‘rating’ de Portugal.
O economista e presidente da IMF — Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia, acredita ser “bem provável que exista uma diferença” entre o que lhe “parece que seria adequado fazer e o que a Moody’s irá fazer”.
Filipe Garcia aponta que pela positiva poderá considerar-se “as previsões para o crescimento económico, a estabilidade governativa, as previsões de redução significativa do défice e da dívida e mesmo a subida da inflação (que está a implicar uma taxa de juro real muito mais negativa)” como “fatores que permitem algum otimismo”.
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No entanto, dá nota de que o endividamento muito elevado, a inversão do ciclo de taxas de juro, os sinais de abrandamento económico global e a incerteza em torno da guerra no leste europeu “deveriam ser suficientes para que a perspetiva não se altere”.
Já Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, considera “expectável” que a Moody’s mantenha tanto o ‘rating’ de Portugal em ‘Baa2’, como a perspetiva em estável.
“Apesar da conjuntura que vivemos atualmente criar novos desafios e cautelas no que ao futuro diz respeito, também é verdade que estamos a assistir a uma retoma da economia. O impacto da utilização dos fundos comunitários não está totalmente refletido na economia e é preciso tempo para vermos os efeitos positivos do mesmo”, justifica.
O analista considera que a elevada inflação tem feito subir as taxas das dívidas soberanas na sua generalidade, assim como o ‘spread’ de Portugal versus a Alemanha.
“O aumento do custo da divida é algo que irá pesar negativamente a prazo e nas novas emissões que vierem para o mercado, no entanto e pelo menos para já, Portugal tem conseguido manter um ciclo de crescimento com as previsões do Produto Interno Bruto (PIB) a serem bastante otimistas tanto para este ano como para o próximo e num movimento até contrário ao que tem acontecido com os restantes países europeus”, acrescenta.
A agência subiu, em 17 de setembro do ano passado, a notação da dívida portuguesa de ‘Baa3’ para ‘Baa2’, com perspetiva estável.
Na altura, a Moody’s justificou com a expectativa de melhoria do crescimento da economia no longo prazo e a confiança de que a dívida pública iria voltar à trajetória descendente.
A agência norte-americana deverá voltar a olhar para o ‘rating’ de Portugal em 18 de novembro.
Já a DBRS deverá voltar a pronunciar-se sobre Portugal em 26 de agosto, a S&P em 09 de setembro e a Fitch no dia 28 de outubro.
O ‘rating’ é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
Os calendários das agências de ‘rating’ são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.
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