//Analistas: Ouro e petróleo sobem com conflito mas tendência é de correção

Analistas: Ouro e petróleo sobem com conflito mas tendência é de correção

As cotações de ativos como petróleo e ouro reagiram em alta à escalada militar entre Estados Unidos da América e Irão, mas para os analistas contactados pela Lusa os ganhos são ainda contidos e a tendência é de correção.

Segundo Ricardo Evangelista, analista da corretora ActivTrades, quando saíram as primeiras notícias “houve uma reação imediata” com subidas de cotações de ativos como petróleo, ouro ou moeda japonesa iene (face ao dólar), enquanto caiu o valor de ativos de risco como ações.

Contudo, afirmou, já hoje houve um “reposicionamento” do valor desses ativos, enquanto, por outro lado, houve subidas em índices acionistas.

“A opinião generalizada é que a reação iraniana foi muito calculada e feita de forma a não provocar danos e uma reação americana que levaria a nova escalada conflito, o que teria um efeito muito mais forte sobre os mercados”, afirmou, ainda que referindo que há sempre que admitir cenário de incerteza, em que “tudo pode acontecer”.

Também Filipe Garcia, da IMF — Informação de Mercados Financeiros, refere que face à escalada militar ativos de refúgio como metais preciosos, obrigações soberanas, iene e franco suíço têm saído beneficiado, mas que, “para já, têm sido ganhos contidos”.

Já sobre o petróleo, notou que os preços estão a subir apenas nas datas de entrega mais próxima, pelo que em sua opinião “não se pode falar de uma alta do petróleo que atinja o setor”.

Além disso, recordou, a subida nestes ativos de refúgio vem acontecendo já desde há alguns anos e haverá no curto prazo uma correção a estas subidas mais recente.

Também André Pires, analista da corretora XTB, lembra que o ouro está em alta “há algum tempo”, isto “apesar do clima otimista nos mercados financeiros globais”, uma vez que os investidores tentam diversificar as carteiras de investimentos com metais preciosos (devido às preocupações sobre a desaceleração da economia e a política monetárias dos bancos centrais).

Assim, “o metal precioso ficou ainda mais reativo quando as tensões no Médio Oriente começaram a intensificar-se” uma vez que é considerado ativo de refúgio, chegando a ir acima dos 1.600 dólares por onça por momentos, disse.

Hoje à tarde, após a conferência de imprensa do Presidente dos Estados Unidos, o valor do barril de petróleo Brent para entrega em março para 65,69 dólares, em Londres.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, disse hoje, numa comunicação ao país, que Washington ainda está a estudar retaliações pelo ataque iraniano desta madrugada contra instalações norte-americanas no Iraque, mas que quer a paz.

Donald Trump afirmou que não houve vítimas dos ataques e que os EUA vão intensificar sanções económicas contra o Irão, mas não referiu nova retaliação militar, depois de anteriormente ter feito ameaças de que haveria fortes represálias se algum interesse norte-americano fosse atacado pelo regime de Teerão.

Trump parece, assim, ter respondido ao apelo que o secretário-geral da ONU e outros líderes mundiais fizeram nos últimos dias, para travar uma escalada de violência no Médio Oriente.

Mais de uma dúzia de mísseis iranianos foram lançados na quarta-feira de madrugada contra duas bases iraquianas, em Ain al-Assad e Arbil, que albergam tropas norte-americanas.

Esta ação foi assumida pelos Guardas da Revolução iranianos como uma “operação de vingança” da morte do general Qassem Soleimani, comandante da força de elite Al-Quds, que morreu na sexta-feira num ataque aéreo em Bagdad, capital do Iraque, ordenado pelo Presidente dos EUA, Donald Trump.

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