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O antigo presidente do conselho de administração do Grupo SATA António Luís Teixeira admitiu hoje que o aluguer do avião A330, batizado de “Cachalote”, que gerou 40 milhões de euros de prejuízos, “foi mal pensada”.
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“Foi uma aquisição mal pensada e mal projetada, porque mesmo no período em que [o avião] era mais utilizado, que era nos dois ou três meses de verão, não conseguia inverter a situação, em termos de custos, durante os restantes nove ou 10 meses do ano”, explicou o ex-administrador da empresa, durante uma audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão da SATA, reunida em Ponta Delgada.
António Luís Teixeira, que foi presidente do Grupo SATA entre julho de 2018 e outubro de 2019, lembrou que quando a sua equipa assumiu funções foi confrontada com a necessidade de suspender as viagens do A330 (alugado dois anos antes pela anterior administração), devido aos elevados custos de operação e manutenção.
“Os pressupostos para a compra do Cachalote não se verificaram”, insistiu o antigo CEO da companhia aérea regional, adiantando que a administração da empresa concluiu que “o avião não se adequava à operação da Azores Airlines”.
Um dos objetivos da comissão parlamentar de inquérito à SATA, criada pela Assembleia Legislativa dos Açores, é perceber quem foram os responsáveis pela escolha do avião A330, para a realização de voos internacionais, que custou à transportadora açoriana mais de 40 milhões de euros, apesar de ter estado parado durante cerca de dois anos.
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Na audição parlamentar, o antigo presidente da SATA admitiu que não foi capaz de reduzir os resultados negativos da empresa, referindo as “rotas deficitárias” que a Azores Airlines teve de realizar, entre Lisboa e as ilhas do Faial, Pico e Santa Maria, ao abrigo das obrigações de serviço público, mas sem comparticipação financeira do Estado.
“Quando nós somos obrigados a fazer a ligação Açores/continente no Faial, Pico e Santa Maria sem sermos ressarcidos pelos custos que direta e indiretamente implicam para o Grupo SATA, obviamente que estamos a operar rotas deficitárias”, realçou António Luís Teixeira, lembrando que só nessas rotas estariam 10 milhões de euros de prejuízos.
Questionado sobre se foi alvo de “ingerências” ou “interferências” do Governo Regional de então, liderado pelo socialista Vasco Cordeiro (atual líder da oposição nos Açores), o ex-administrador da companhia aérea disse que se recorda mais das “pressões” dos partidos da oposição, da comunicação social, de alguns autarcas e até dos sindicatos.
Além de António Luís Teixeira, os deputados que integram a comissão de inquérito, em representação dos oito partidos com assento parlamentar (PS, PSD, CDS-PP, PPM, BE, CH, IL e PAN), têm também agendada para hoje a audição do antigo administrador Paulo Menezes, que presidiu à SATA entre dezembro de 2015 e julho de 2018.
A comissão parlamentar de inquérito foi criada por proposta do deputado único do Chega nos Açores, José Pacheco, com o objetivo de “analisar as causas do significativo agravamento do desequilíbrio económico e financeiro do Grupo SATA entre 2013 e 2019”, bem como “o exercício da tutela política no Grupo SATA e o desempenho dos órgãos sociais das empresas”, entre 2020 e 2022.
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