//António Costa não quer “alimentar empresas sem viabilidade que vão custar dinheiro aos contribuintes”

António Costa não quer “alimentar empresas sem viabilidade que vão custar dinheiro aos contribuintes”

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O primeiro-ministro, António Costa, compreende a demora e a burocracia dos bancos em libertar crédito às empresas nesta fase da pandemia de Covid-19 e diz que já foram aprovados créditos no valor de 5 mil milhões de euros.

António Costa responde assim às críticas de que as linhas de crédito não estão a chegar ao terreno.

Falando na assinatura de um protocolo de cooperação entre o sector da restauração e a Direção-Geral da Saúde (DGS), o primeiro-ministro avisa que é preciso que a banca seja exigente na concessão de crédito para não alimentar empresas que não têm viabilidade e que, a prazo, só terão custos para os contribuintes.

“As garantias do Estado significam as garantias que os portugueses estão a dar aos empréstimos que estão a ser concedidos. E sei outra coisa: os empréstimos não é dinheiro distribuído, é dinheiro contratado e é muito importante para a retoma que todos tenhamos confiança de qual é o destino do dinheiro público.”

“Os bancos são os veículos de transmissão desse dinheiro à economia, mas queremos também que os bancos sejam exigentes na concessão do crédito, porque o que se trata de viabilizar são empresas que são viáveis, empresas que estão em crise porque foram atingidas por este vírus, e não alimentar empresas que vão custar, amanhã, dinheiro aos contribuintes porque, não tendo viabilidade económica, vai depois ter de ser o contribuinte a substituir-se a essas empresas no pagamento do crédito”, sublinha António Costa.

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Para que os créditos sejam concedidos com transparência é essencial que seja a banca a avaliar as empresas, desresponsabilizando o Governo desse processo, defende o segundo o primeiro-ministro.

“É natural que se queira saber que empresas são, qual é a sua situação económica e a sua viabilidade económica. O dinheiro não pode ser distribuído assim, tem que ser distribuído com critério porque se trata do dinheiro dos contribuintes e os contribuintes estarão cá, amanhã, a pedir-nos contas. É absolutamente essencial que seja feito com transparência, é por isso que não quer ser o Governo a decidir que empresa apoia ou não apoia. E é bom que sejam os bancos a poder fazer essa avaliação e a tomarem essa decisão.”

António Costa respondia assim, indiretamente, às sucessivas críticas do presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, sobre a falta de rapidez na concessão dos créditos bancários às empresas, o que aconteceu mais uma vez nesta sessão de assinatura de protocolo com a restauração:

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“Estamos com uma crise que exige a tomada de medidas que sejam rápidas, de fácil acesso e eficientes. Temos sinalizado, em crítica construtiva, que as medidas, por vezes, não têm sido rápidas, não são de fácil acesso por excessiva burocracia no aceder às linhas de crédito ou ao lay-off simplificado e mostram até agora algum grau de dificuldade ao nível da eficiência”, alertou António Saraiva, da CIP.

Na cerimónia de assinatura da declaração de compromisso dos parceiros sociais para a retoma económica e do protocolo de cooperação entre a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) e a DGS, o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, sublinhou que o tecido empresarial “está completamente devastado” e que no geral as medidas do Governo para combater a crise têm sido positivas.

“No entanto, [as medidas] são muito limitadas nos seus efeitos devido à sua operacionalização, que levou a que a liquidez das empresas estivesse muito longe do necessário”, considerou Vieira Lopes.

O líder da CCP disse que são necessárias medidas no curto prazo, como o reforço das linhas de financiamento “que já estão esgotadas”, e também “que o ‘lay-off’ simplificado permaneça durante mais algum tempo sobretudo para setores onde a retoma é mais lenta”.

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