A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) considera ser fundamental a possibilidade de prorrogar o pagamento do serviço da dívida contraída na pandemia, dado que os processos de recapitalização para as empresas não tiveram sucesso.
“Sendo certo que os processos de recapitalização para as pequenas e médias empresas falharam de forma contundente – já agora, das grandes também – será fundamental que se consiga prorrogar, para quem o necessite, o pagamento do serviço da dívida contraída ao longo da pandemia”, disse o presidente da associação na abertura do 47.º Congresso APAVT.
Pedro Costa Ferreira recordou ainda que houve dívidas que foram contraídas porque os apoios “foram insuficientes”.
“No início da pandemia, fomos nós que repatriámos os portugueses. Os que eram nossos clientes e os que não eram. Durante a pandemia reembolsámos os nossos clientes, em mais de 300 milhões de euros, e endividámo-nos para isso. Mantivemos as nossas empresas vivas e, o que é mais, mantivemos os postos de trabalho dos nossos colaboradores. E, sim, endividámo-nos para isso. Fomos os únicos que conseguimos interpretar as restrições covid – foi connosco que o mundo voltou a viajar”, explicou, acrescentando que, no regresso à normalidade, estas empresas enfrentaram “as esperadas pressões de tesouraria”, que levaram a mais endividamento.
Situações para as quais têm vindo a alertar, sublinhou.
Quase a chegar ao final do ano, o presidente da APAVT diz que “as agências de viagens tiveram bons resultados em 2022”, mas sublinha que “perderam mais de seis anos de resultados em 2020 e 2021”.
“A fragilidade e a necessidade são imensas. A crise não mora nas demonstrações de resultados de 2022, todos o sabemos, mas está alojada nos balanços dos próximos anos”, referiu.
Na quarta-feira, o responsável já tinha dito à agência Lusa que, apesar do “espantoso dinamismo” do turismo, o setor tem de “percorrer um longo caminho de recuperação” para balanços empresariais pré-pandemia.
Em 26 de setembro, a então secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, também tinha dito, em entrevista à Lusa, que apesar da recuperação “muito vigorosa” do setor, os balanços das empresas – “altamente deteriorados” – ainda vão levar alguns anos a robustecer.
Refira-se que, no mês passado, a também então secretária de Estado do Turismo, mostrou-se mais confiante com os números do setor, dando como “quase certo” um novo recorde de receitas turísticas no final deste ano.
Em 2019, um ano recorde para a atividade turística nacional, Portugal alcançou receitas turísticas de mais de 18.000 milhões de euros.
Em setembro de 2022, segundo as contas do Presstur a partir dos dados do Banco de Portugal, as receitas turísticas atingiram 2.378,69 milhões de euros, um montante que ultrapassa em 351,7 milhões de euros o mês homólogo de 2019, pré-pandemia, e supera em 72,2% ou 997,5 milhões o setembro de 2021.
Em termos acumulados, de janeiro a setembro de 2022, as receitas turísticas ascendem a 16.747,80 milhões de euros, um aumento de 14% ou 2.058 milhões de euros face aos primeiros nove meses de 2019. Comparando com o período homólogo de 2021, a subida é de 139,2% ou 9.746,58 milhões de euros.
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