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A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) apela para um entendimento entre administração da TAP e tripulantes de cabine de forma a evitar as greves previstas, que perturbam a implementação do plano de recuperação da companhia.
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Na quinta-feira, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) anunciou uma assembleia-geral de emergência para 19 de janeiro, para analisar uma proposta apresentada pela TAP, antes da greve por sete dias, entre 25 e 31 de janeiro.
“Com essa notícia de fundo, a APAVT só pode apelar a que as partes trabalhem ativamente na construção do acordo em tempo útil. É muito importante esta noção de tempo útil”, começou por dizer Pedro Costa Ferreira, em declarações à Lusa.
“Aparentemente pelas declarações que nos têm chegado da TAP, o plano de recuperação parece que tem estado a ser executado com êxito, pelo menos ao nível dos seus aspetos mais importantes que são os resultados”, considerou o presidente da APAVT.
No entendimento da associação, de forma a que este plano possa continuar a ser implementado, “é absolutamente crucial que se chegue a um acordo que garanta paz social e simplesmente evite a existência de mais greves”.
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O SNPVAC já tinha realizado uma greve de tripulantes da TAP nos dias 08 e 09 de dezembro, que levou a companhia aérea a cancelar previamente 360 voos, com um impacto estimado total de oito milhões de euros.
“Do nosso ponto de vista é absolutamente imperioso que as partes tenham inteligência, tenham bom-senso […] de caminhar ao encontro uma da outra. É inevitável que tenham que existir cedências mútuas, um acordo é um jogo de cedências, se não seria uma imposição e o que tem que permitir é que seja conseguido o cancelamento em tempo útil da greve”, afirmou ainda o responsável.
A TAP, entretanto, em reação ao anúncio da greve disse que respeita e lamenta a decisão do SNPVAC em avançar com uma greve este mês e assegurou que está a fazer tudo para alcançar um acordo.
Pedro Costa Ferreira explicou ainda à Lusa a importância de um acordo “em tempo útil”.
“Uma greve em aviação não produz efeitos quando se efetiva, […] produz efeitos desde o primeiro dia em que é anunciada”, porque, por um lado, origina “alterações de reservas” com receios de que o voo que o passageiro precisa falhe e, por outro lado, uma “quebra brutal de reservas”.
“Ninguém no seu perfeito estado de juízo vai reservar um voo para uma data em que está anunciada uma greve”, sublinhou.
Por isso, à pergunta se estas alterações e cancelamentos estão a acontecer, mesmo sem quantificar, garante que sim.
“É evidente que os efeitos se estão a fazer sentir, e é também por isso, até para termos algum espaço de recuperação desses efeitos que, para nós, é muito importante o ‘timing’ [prazo] da notícia sair de que vai haver um acordo”, disse.
“O que espero é que as partes consigam trabalhar de forma séria para que essa reunião no dia 19 [de janeiro] – porque aparentemente não pode ser mais cedo, o que temos pena – permita o anúncio do cancelamento da greve”, apelou ainda.
Quanto aos temas polémicos que têm estado na ordem do dia (renovação da frota automóvel, indemnização à ex-administradora, entre outros), o presidente da APAVT reconhece-lhes importância, mas prefere focar-se no plano de recuperação da companhia.
“Para tratar desses temas temos as entidades que têm falado deles e têm poder de decisão sobre esses assuntos. Do ponto de vista do negócio, das empresas e do emprego, o que é necessário é que haja paz social e que a TAP reúna as condições de conseguir cumprir com êxito o plano de recuperação. Essa é a base e, sem paz social, essa base não é construída, daí que, apesar de todos os temas mais ‘sexy’ que têm ocupado as primeiras páginas dos jornais, na realidade, o que achamos na APAVT, é que o foco tem que ser que os acordos de empresa sejam o mais depressa possível construídos para podermo-nos todos focar apenas no negócio”, referiu.
“Penso que esse acordo vai ser conseguido, temos – não sei se devemos falar em esperança -, mas, pelo menos, esse desejo: que as partes consigam chegar a um acordo”, conclui.
Também hoje mais de uma centena de trabalhadores da TAP estiveram concentrados na entrada das instalações da companhia aérea, em Lisboa, para exigir a demissão da administração, numa manifestação silenciosa convocada por mensagem.
Na mensagem transmitida entre trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, os trabalhadores da companhia aérea foram chamados a manifestar-se de forma “pacífica e silenciosa”, durante a hora de almoço.
A TAP tem sido protagonista de vários casos na comunicação social, entre os quais a polémica indemnização de 500.000 euros a Alexandra Reis que motivou demissões no Governo.
A companhia aérea está a ser alvo de um plano de reestruturação que inclui cortes salariais aos trabalhadores e que motivou uma greve de tripulantes em dezembro, estando outra já marcada para o final deste mês.
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