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Os Certificados de Aforro voltaram a captar investimento em julho, mas a um ritmo mais comedido do que o verificado até ao quinto mês do ano. De acordo com os dados divulgados ontem pelo Banco de Portugal (BdP), o montante aplicado pelas famílias no produto de poupança do Estado foi de 389,5 milhões de euros, o que fez com que as subscrições líquidas ascendessem a 33,6 mil milhões de euros.
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Embora estes números traduzam um crescimento efetivo, não deixam, contudo, de representar uma quebra de cerca de 42% face à variação mensal de junho, quando as emissões totalizaram 670,3 milhões de euros, já refletindo um travão de 70% em relação aos 2,2 mil milhões captados em maio. Julho foi, portanto, o segundo mês em que a corrida aos referidos títulos de dívida pública apresentou sinais de fraqueza.
De recordar que este abrandamento coincide com a altura em que o governo decidiu suspender a Série E e lançar uma nova, com condições menos atrativas. Ainda que esteja igualmente indexada à Euribor a três meses, a Série F, criada a 2 de junho, tem um teto máximo de 2,5% e uma maturidade mais longa – de 15 anos -, fazendo-se acompanhar de prémios de permanência que podem ir até aos 1,75% (acima de 1%, apenas a partir do 12.º ano).
Depois de quase três anos com o stock estagnado na casa dos 12 mil milhões de euros, os Certificados de Aforro tocaram, pela primeira vez, em julho de 2022, o patamar dos 13 mil milhões. Desde que 2023 arrancou, as aplicações neste produto já somaram praticamente 14 mil milhões de euros, tendo março registado a maior subida mensal: foram mais 3,5 mil milhões de euros.
Famílias têm 45,7 mil milhões de euros aplicados em certificados, o que significa que detêm cerca de 16% da dívida pública.
Atualmente, o total de poupança concentrada pelas famílias neste produto é de 33,6 mil milhões de euros, o que, comparativamente com o período homólogo de 2022, quando se registavam 13,2 mil milhões de euros, reflete uma subida de 153%, ou seja, mais do dobro. Esta aposta impactou diretamente os cofres dos bancos que, até maio, registaram perdas acumuladas de 8,7 mil milhões de euros em depósitos de particulares – em junho, quando a nova série começou a ser comercializada, as instituições financeiras já captaram 1,2 mil milhões de euros.
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Em sentido contrário, os Certificados do Tesouro, outro instrumento de dívida pública, caíram em julho, pela 21.ª vez consecutiva, contabilizando menos 216,8 milhões de euros em relação ao mês anterior. De outubro de 2021 para cá, estes títulos têm vindo a perder capitalização, tendo encolhido de 17,8 mil milhões de euros, para quase 12,1 mil milhões, uma diferença de 5,7 mil milhões de euros (-32%). Face ao mês homólogo de 2022, o decréscimo foi de cerca de 30%.
Fazendo as contas aos stocks de ambos os certificados, conclui-se que as famílias têm perto de 45,7 mil milhões de euros em produtos de poupança do Estado. Considerando que a dívida pública se fixou nos 280,1 mil milhões de euros em junho, segundo as últimas estatísticas do banco central, significa que 16,3% da mesma é detida por particulares.
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