São alguns dos maiores pacotes de resposta financeira e económica até agora anunciados (excluindo, claro o da China) mas, eventualmente, estes biliões não vão chegar para evitar uma hecatombe nas economias e nos mercados de emprego ocidentais.
Pegando apenas nos valores já anunciados nos programas de compra de dívida e outros ativos dos bancos centrais (as chamadas bazucas) da zona euro, dos Estados Unidos e do Reino Unido, nos programas de resposta orçamental e de financiamento às empresas e famílias da Comissão Europeia, do governo de Donald Trump e de Boris Johnson, e em cima deste bolo, pondo a bazuca do Fundo Monetário Internacional (FMI), chegamos facilmente a um valor astronómico, que ultrapassa os 4 biliões (milhões de milhões) de euros.
Quatro biliões de euros é sensivelmente um quarto do valor anual da economia da União Europeia, mas algumas das instituições que estão a prestar os apoios também não negam que todos estes fundos e empréstimos a juros quase zero não vão chegar para deter a crise que aí vem. Ajudam a amenizar o embate, apenas. Largas fatias das economias mais avançadas simplesmente pararam. As grandes fábricas pararam de fabricar, os sector do turismo congelou, os restaurantes e pequenos comércios que não fecharam, estão prestes a encerrar portas. Não há procura.
O Banco Central Europeu (BCE), por exemplo, diz que “a pandemia do coronavírus” traduz-se “num choque económico extremo, que exige uma resposta ambiciosa e urgente em todas as frentes”.
Como tal carregou uma nova bazuca com dinheiro que vai deitar sobre os Estados, as empresas e as famílias através dos bancos. Trata-se de “um novo programa de compra de ativos devido a emergência pandémica (Pandemic Emergency Purchase Programme), com um envelope de 750 mil milhões de euros até ao final do ano, além dos 120 mil milhões de euros decididos em 12 de março”.
O BCE foi muito criticado por esses 120 mil milhões (a primeira resposta), que visa comprar sobretudo dívida empresarial. Esta semana, lá veio a resposta maior (seis vezes mais), mediante novas compras de dívida pública, também. As taxas de juro dos países, que estavam a subir, lá baixaram outra vez.
“No seu conjunto, o montante disponibilizado ascende a 7,3% do produto interno bruto (PIB) da zona euro.” Embora sejam “temporário”, os programas especiais “mantêm-se em vigor até termos avaliado que esta fase de crise do coronavírus chegou ao fim”, diz o BCE.
Antes da dupla bazuca do BCE, já a Comissão Europeia tinha avançado com uma resposta relevante, desta feita através de desbloqueios de fundos da coesão (subsídios) que devem libertar cerca de 37 mil milhões de euros para novos “investimentos públicos”, em regras mais flexíveis para gastar fundos estruturais do anterior quadro (2014-2020) que estavam adormecidos e espalhados por vários instrumentos de apoio e que podem permitir a injeção de até 28 mil milhões de euros nos países da UE.
A Comissão diz ainda que tem 800 milhões de euros num “fundo solidário” que podem ser usados pelos países mais afetados pela epidemia, apoio que estava previsto para casos de “desastres naturais” e diz que vai permitir que os governos prestem ajudas de estado que podem ir até 800 mil euros por empresa (inicialmente o máximo era 500 mil euros).
Depois de um primeiro momento de relutância sobre os impactos do vírus na economia, também o governo dos Estados Unidos começou a agir. Washington está a negociar com o Congresso um pacote de estímulos e ajudas a empresas e aos cidadãos mais pobres e desempregados que pode ascender a cerca de 900 mil milhões de euros (1 bilião de dólares).
A Reserva Federal também preparou uma bazuca de dinheiro ultra barato, reforçando o seu quantitative easing em novas compras de ativos (dívida, por exemplo) que podem ascender a 650 mil milhões de euros. O Banco de Inglaterra fez algo parecido, ampliando o programa de compras em 700 mil milhões de euros.
Já o governo de Londres tem resistido. Até agora prometeu ajudas estatais de 33 mil milhões de euros à economia. Está a ser muito criticado pela “parca resposta”.
Finalmente, mas não menos importante, a resposta do FMI, que diz estar preparado para emprestar ao conjunto de todos os países membros (mais de 190) um bolo global que pode ir até 900 mil milhões de euros a preços de hoje.
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