O presidente da Associação Comercial do Porto defendeu hoje que a descentralização não pode ser apenas um “‘slogan’ de publicidade enganosa”, como “infelizmente” tem sido, apelando aos partidos para colocar a regionalização na agenda da próxima legislatura.
“Acreditamos na regionalização, acreditamos nas virtudes da descentralização. Não acreditamos – repito – não acreditamos que sejam caminhos alternativos ou opcionais. Não acreditamos que a descentralização substitua a criação de regiões políticas. Não são soluções alternativas. Não. A regionalização e a descentralização são soluções complementares e são processos obrigatórios para termos um país mais equilibrado, mais justo e mais moderno”, afirmou Nuno Botelho.
Para o dirigente, que falava num jantar no Palácio da Bolsa, no Porto, até se pode começar pela descentralização, mas esta “não pode ser um ‘slogan’ de publicidade enganosa”, como “infelizmente” tem sido.
“Sábios? Imensos. Comités? Variadíssimos. Grupos de estudo, comissões de reforma, livros brancos, livros verdes, documentos estratégicos. Uma azáfama. Peço desculpa, mas não nos é possível ser otimistas. Estamos todos cansados de diagnósticos, estamos cheios de ‘slogans’. É altura de passar à prática, é tempo de tomar medidas”, declarou.
Segundo Nuno Botelho, a solução “tem de estar no sistema”, pelo que os partidos políticos devem colocar a regionalização e a descentralização na agenda da próxima legislatura.
“É altura de exigirmos que nos digam o que pensam em concreto sobre estes temas e que soluções, modelos e calendários nos propõem. A campanha para as eleições de outubro não pode voltar, neste particular, a ser uma campanha de ‘slogans’. O país não aguenta continuar a ser iludido e enganado. A próxima campanha e, sobretudo, a próxima legislatura têm de nos trazer soluções e medidas reais”, frisou, assinalando que o que o Norte reivindica é a gestão descentralizada, ao nível das comissões de coordenação e desenvolvimento regional, dos fundos comunitários.
Dirigindo-se ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que hoje agraciou a Associação Comercial do Porto com o título de membro honorário da Ordem do Infante D. Henrique, Nuno Botelho, disse estar confiante de que o chefe de Estado, “defensor intransigente do combate às assimetrias regionais”, continuará a colocar o dedo na ferida e a exigir soluções.
“Não se trata de uma questão de Lisboa versus Porto. Não se trata de saber em que cidade são decididos e geridos os fundos. Trata-se de um problema nacional, que passa pela necessidade imperativa de transferir os centros de decisão para junto da economia real. Para o Algarve, para o Alentejo, para o Centro., mas, também, e, claramente, para o Norte”, explicou.
No discurso, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu ter ouvido com atenção o apelo dirigido, em tempo pré-eleitoral, sobretudo aos partidos políticos e à sua capacidade legislativa, nomeadamente na decisão de avançar com uma revisão constitucional.
“Vi nesse apelo uma preocupação com assimetrias, desigualdades a corrigir, insuficiências e injustiças a combater. Anoto, registo esse apelo e compreendo como é importante a voz desta casa, como é importante a voz do Porto, como é importante a voz do Norte”, concluiu.
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