Partilhareste artigo
Depois de dois anos de pandemia e da obrigação de recorrer ao trabalho remoto, acredita-se que, até 2030, metade das pessoas passarão a trabalhar a partir de casa, situação que deverá provocar mudanças nas interações dos trabalhadores nas empresas, de acordo com um estudo do Fórum de Ética da Católica Porto Business School divulgado nesta terça-feira.
Relacionados
Com a mudança em perspetiva, “as interações entre os membros da organização mudarão em frequência, tempo e método, o que terá implicações profundas na gestão da ética e da compliance“, refere Helena Gonçalves, coordenadora do Fórum de Ética da Católica Porto Business School, citada em comunicado.
Sob o mote “Ética e trabalho híbrido”, o estudo deste ano colocou em evidência “algumas certezas”. Segundo Helena Gonçalves: “Quatro em cada 5 pessoas trabalharão a partir de casa numa parte de semana; a autenticidade nas relações laborais estimulará a produtividade e o bem-estar, mas com impacto desigual na prosperidade ou sobrevivência das pessoas, dependendo do tipo de trabalho, idade ou situação familiar; um dos mais fortes preditores comprovados da eficácia das equipas, a segurança psicológica, terá de ser repensado”.
Confrontados com a questão sobre o impacto do modelo de trabalho nas dimensões da saúde e bem-estar, num universo de 1226 respondentes, houve “uma perceção de melhoria muito mais significativa nos que estão a trabalhar em modo híbrido. De facto, cerca de 70% dos que estão em trabalho híbrido percecionaram melhorias a nível financeiro, mental e físico em comparação com apenas cerca de 20% dos que estão em modo presencial. Na dimensão social as diferenças não são tão significativas (54% vs 38%)”, sublinha Helena Gonçalves.
Poupar nas deslocações
De acordo com as conclusões do estudo, em média, o fator mais relevante para optar “por trabalhar remotamente é a poupança de tempo em deslocações (60%), seguido da maior tranquilidade e concentração (47%) e do tempo para o próprio e família (45%). Para o trabalho presencial destacam-se o gosto de trabalhar com colegas e em equipa (40%), a possibilidade de adquirir mais conhecimento (30%), seguindo-se o gosto de socializar (15%)”.
Subscrever newsletter
Os coordenadores chamam a atenção para as variações de preferências, entre quem ocupa cargos de liderança e quem é liderado. “No que fiz respeito aos fatores que estão na base da preferência por trabalhar remotamente, os líderes valorizam menos, em cerca de 10 p.p., a poupança de tempo em deslocações (53% vs 64%), a tranquilidade e capacidade de concentração (41% vs 50%) e o tempo pessoal e/ou familiar (37% vs 48%). No que fiz respeito aos fatores que estão na base da preferência por trabalhar presencialmente, quem ocupa cargos de liderança valoriza menos o gosto de trabalhar com colegas e em equipa (38% vs 45%), a aquisição de conhecimento (28% vs 34%) e a socialização (14% vs 18%)”.
“Podemos, portanto, concluir que no desenho futuro do mundo do trabalho, é preciso criar oportunidades de partilha de perspetivas entre quem lidera e quem é liderado, uma vez que os valores as preferências não são iguais para todos”. sublinham os coordenadores do inquérito.
Preferência pelo híbrido
Por outro lado, o nível médio de satisfação com o atual modelo de trabalho é de 65%. “No entanto, se analisarmos os níveis de satisfação médio por modelo de trabalho, verifica-se maior satisfação com o trabalho híbrido (81%) e menor nível de satisfação com o modelo de trabalho presencial (50%)”, conclui o estudo.
O tema do estudo em causa deu origem ao livro coletivo “Proximidades e distâncias: desafios éticos do trabalho híbrido” e a um relatório com resultados do inquérito “Ética e trabalho híbrido: no rescaldo da pandemia”, em análise numa conferência agendada para esta terça-feira e na qual participaram Rui Sousa, dean da Católica Porto Business School; Helena Gonçalves, Helena Gil da Costa, Henrique Manuel Pereira e Susana Magalhães, coordenadores do estudo e do inquérito.
O questionário, que não pretende ser representativo da população ativa portuguesa, foi respondido exclusivamente via web, sob anonimato, durante o mês de outubro de 2022, esclarece a Católica Porto Business School.
Deixe um comentário