//Augusto Mateus: “A futura relação comercial com o Reino Unido vai demorar até sete anos a construir”

Augusto Mateus: “A futura relação comercial com o Reino Unido vai demorar até sete anos a construir”

O Reino Unido pode perder, no horizonte de dez anos, dez pontos percentuais do produto (PIB), o que é significativo.

Sendo muito menos desafiante dentro da União Europeia, é muito desafiante para determinados países dentro da União. Na linha da frente, os que têm relações mais intensas com o Reino Unido, como a Irlanda, a Holanda e a Bélgica, ou economias muito pequenas, como Chipre ou Malta, que têm relações muito fortes com o Reino Unido.

Mas não são os únicos…

Há um conjunto de economias em que o impacto é muito restrito, que são os países do alargamento, e, depois, há economias que ficam entre estes dois grupos, que é onde se situa Portugal, com uma relação muito longa com o Reino Unido.

É o nosso primeiro parceiro em serviços e o quarto em bens. O impacto para a economia portuguesa é muito significativo. E o Reino Unido faz parte dos destinos de eleição da emigração portuguesa. Há muitos portugueses a trabalhar lá e, nesse campo, há as questões laborais e a das remessas de rendimentos para Portugal.

É sobre isto que se deve construir uma posição portuguesa, para se desenvolver um processo entre a União Europeia e o Reino Unido.

Traçou o quadro geral, mas, focando-se na economia portuguesa, quais são os impactos deste processo e quais os setores que poderão ser mais afetados?

Os impactos podem medir-se em torno de diversos modelos. O que fizemos foi usar modelos gravitacionais, partindo do princípio de que há determinadas relações entre economias que têm a ver com a sua competitividade, dimensão e especialização. Há economias que fazem melhor certas coisas do que outras.

Apesar de se falar muito de como se vai sair, está tudo por fazer sobre o futuro relacionamento. Uma coisa é discutir a forma como o Reino Unido vai sair, outra é um novo quadro de acesso.

Nomeadamente, definir taxas alfandegárias…

Sim. E restrições não pautais. Não é o dispositivo básico. É, no fundo, estabelecer como é que o Reino Unido se relaciona com a Europa em termos de bens e serviços para o futuro. Isso está tudo em aberto.

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