O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, diz que a recomendação de Bruxelas para aumentar os salários “é um princípio geral que tem lógica”, mas alerta que “não se pode aplicar a todos os setores”, sobretudo os que mais foram impactados pela pandemia.
Segundo o “Negócios”, a Comissão Europeia defende que há margem para subir mais os salários este ano e chama os parceiros sociais para o processo.
Os aumentos previstos não só não compensam a perda de poder de compra, como podem mesmo ficar abaixo de subidas programadas, e contidas, destinadas a limitar impactos na inflação (caso do referencial de 5,1% acordado em Portugal).
O mesmo jornal cita que num relatório com recomendações de política da área do euro, está escrito que “a calibração dos salários deve apoiar o poder de compra dos trabalhadores, ao mesmo tempo que ajuda a aliviar a pressão sobre os preços”.
Vieira Lopes até anui que “os aumentos abaixo da inflação acabam por reduzir de forma significativa o poder de compra”. Todavia, salienta que “a situação tem de ser vista país por país”.
Em Portugal, defende, “há setores onde isso vai ser possível na medida em que estão em crescimento e neste momento podem ajustar os salários, há outros em que é mais difícil, nomeadamente os setores que estão muito impactados pela pandemia quer em termos de dividas, quer em termos de retração do consumo”.
“Os setores ligados às tecnologias, com certeza que poderão facilmente satisfazer esta linha de pensamento da Comissão”, salienta, contrapondo os casos de outros setores do comércio.
Em conclusão, defende que este é “um documento que tem utilidade para ser discutido”, mas que “não pode ser aplicado de forma generalizada”.
Em relação ao aumento dos vencimentos, Bruxelas aponta 4,3% como o valor que será atingido em Portugal em 2023. Um número abaixo dos 5,1% prevista no acordo de rendimentos do Governo com os parceiros sociais.
O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal acredita que os aumentos poderão ficar próximos dos 5%, mas mais uma vez sublinha que os mesmos não serão iguais para todos os setores.
Por sua vez, o economista João Duque sublinha a importância de se aumentar os salários como forma de “evitar uma quebra muito grande da expectativa e do consumo”.
“Fazer subir os salários para que os consumidores possam abrir um bocadinho mais os cordões à bolsa e retirar o pessimismo do seu espectro”, argumenta o comentador da Renascença.
Duque realça ainda que o Turismo é o setor que terá maior “confiança” para apostar nesta medida: “Em Portugal, há um setor que muito confiante, que é o do Turismo, e por arrasto, todos aqueles setores que estejam à sua volta”.
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