O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, alertou esta segunda-feira que a inflação não se combate com o aumento dos salários, defendendo que, com esta abordagem, “vamos perder todos” a médio prazo.
“Um aumento de um ponto percentual, seja em salários, seja em margens de lucro, coloca uma pressão sobre a inflação, que por sua vez coloca pressão sobre as decisões dos bancos centrais”, disse Mário Centeno durante um almoço de associados da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).
O governador alertou que tal só alimenta o aumento de preços. “No curto prazo parece que estamos todos a ganhar, mas a verdade é que a médio prazo vamos perder todos”, disse.
Centeno defende assim que a palavra de ordem é “mitigar e anular todos os efeitos que possam pressionar os preços”.
As declarações surgem dias depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter anunciado uma nova subida das taxas de juro em 50 pontos base.
O governador do Banco de Portugal avisa ainda que, mesmo que o ritmo de subida das taxas de juro para combater a inflação tenha sido elevado, há fatores que apontam para maiores tensões relacionadas com a inflação.
“Não é tanto o nível das taxas de juros que está alto, mas sim a velocidade desta subida”, afirmou, acrescentado que existe o risco de os preços dos produtos finais, que subiram muito com o aumento dos preços das matérias-primas e dos produtos agrícolas, se manterem elevados mesmo com estes últimos a recuar ultimamente.
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