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O presidente da Autoridade Bancária Europeia afirmou-se esta terça-feira convicto de que o setor bancário europeu está bem protegido, após “mais de uma década de trabalho” na sequência da crise de 2008, mas admitiu que os recentes acontecimentos exigem “vigilância”.
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Dirigindo-se à comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, em Bruxelas, num debate sobre o colapso do Silicon Valley Bank e as implicações para a estabilidade financeira na Europa, José Manuel Campa sublinhou as diferenças entre os sistemas bancários europeu e norte-americano, enfatizando todo o trabalho feito desde a crise financeira de 2008.
“Acontecimentos recentes levantaram a questão: «estamos de volta a 2008?». Não acredito que seja esse o caso. Neste momento, estamos confiantes de que mais de uma década de trabalho nos colocou numa posição melhor”, declarou o presidente da Autoridade Bancária Europeia (EBA).
Campa destacou que “os bancos da UE têm melhores posições de capital e liquidez, o quadro regulamentar e o ‘single rulebook’ [conjunto único de regras prudenciais] acrescentaram uma camada de resiliência”, referindo que “uma supervisão e governação melhoradas proporcionam uma melhor gestão do risco”.
Reportando-se ao “progresso das posições de capital e de liquidez desde a grande crise financeira”, o responsável frisou que, atualmente, “os bancos da UE excedem largamente os requisitos mínimos de liquidez”.
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“A aplicação abrangente na nossa implementação das normas de Basileia a todos os bancos que operam na UE garante ainda mais resiliência. Em particular, as normas de Basileia sobre risco de liquidez foram plenamente implementadas. Isto contrasta com os Estados Unidos, onde as normas regulamentares internacionais apenas abrangem sistematicamente os 13 bancos mais importantes”, disse.
O presidente da EBA apontou também que “a sensibilidade dos bancos a alterações na taxa de juro tem estado no centro das atenções dos reguladores da UE há mais de um ano”, lembrando que a supervisão bancária do BCE efetuou uma revisão, no ano passado, das práticas de gestão do risco de taxa de juro e de ‘spread’ de crédito das instituições significativas.
Jose Manuel Campa reconheceu, todavia, que “crises recentes mostram que, apesar de todas as melhorias nas posições de capital e liquidez dos bancos, uma melhor regulamentação e uma melhor supervisão, podem ainda ocorrer falhas e falta de confiança”, pelo que os decisores políticos devem “permanecer vigilantes e não ser complacentes”.
Nesse sentido, e com vista a “manter a confiança no forte quadro regulamentar” europeu, o presidente da EBA considerou prioritária “a conclusão rápida dos pacotes regulamentares pendentes”.
Igualmente participante no debate, o presidente do Conselho de Supervisão do Banco Central Europeu (BCE), Andrea Enri, também disse ter “muita fé no trabalho feito” na UE como resposta à crise de 2008.
Na véspera, a presidente do BCE, Christine Lagarde, também compareceu perante a comissão parlamentar de assuntos económicos, tendo reiterado que a instituição que lidera está preparada para intervir, “se necessário”, para preservar a estabilidade financeira da zona euro, à luz das recentes “tensões”, designadamente o colapso do banco norte-americano Silicon Valley Bank (SVB) e a forte queda em bolsa do Credit Suisse.
Garantindo uma vez mais que “o setor bancário da zona euro é resiliente, com fortes posições de capital e liquidez”, a responsável francesa sublinhou que, “em qualquer caso, o conjunto de ferramentas de política do BCE está totalmente equipado para fornecer apoio de liquidez ao sistema financeiro da zona euro, se necessário, e para preservar a transmissão harmoniosa da política monetária”.
“No que diz respeito à estabilidade financeira, temos todas as ferramentas que serão necessárias, que eventualmente são necessárias, para enfrentar tensões”, reforçou, acrescentando, já na fase de perguntas dos eurodeputados, que se, porventura, estas ferramentas se revelassem insuficientes, o BCE seria capaz de “providenciar os ajustamentos ou recalibragens necessários para fazer face a qualquer risco de liquidez” que se vislumbrasse no horizonte.
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