Foi o ano de todos os recordes: em 2018 o valor das vendas de casas em Portugal superou os 24 mil milhões de euros. Os negócios no imobiliário valeram mais de 65 milhões de euros por dia, mas, apesar de a banca ter aberto a torneira do crédito, não aparenta ser a principal responsável pela corrida ao imobiliário em Portugal. O mercado continua a ser aquecido, principalmente, por investidores estrangeiros e pelo turismo.
O novo crédito concedido pela banca correspondeu a 40% do dinheiro do valor das compras de casas no ano passado, segundo cálculos do Dinheiro Vivo, baseados em dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e pelo Banco de Portugal. Por cada 100 mil euros em compras de casas, os bancos emprestaram 40 mil euros. Apesar de os bancos terem emprestado mais 1,5 mil milhões de euros para a compra de casa em 2018 face ao ano anterior, o valor das vendas de imóveis cresceu mais de 4,7 mil milhões.
Antes da crise e do regaste da troika, os bancos davam crédito equivalente a cerca de 65% do valor total das compras de casas. Agora, o rácio bastante inferior. A evolução desse indicador tem levado o Banco de Portugal a defender que, apesar do crescimento do crédito, esse não tem sido o principal factor a puxar pelos preços das casas e pelo dinamismo no mercado.
“Esta evolução tem estado associada à forte dinâmica do turismo e do investimento direto por não residentes. A recuperação dos preços do mercado imobiliário residencial não pode também ser dissociada da recuperação da economia portuguesa, que contribuiu para a melhoria da perceção dos investidores nacionais e internacionais”, detalhou o Banco de Portugal no último Relatório de Estabilidade Financeira.
Os baixos valores do crédito face ao total de vendas no mercado indicam que há mais casas a serem compradas a pronto. No entanto, o Banco de Portugal indica também que isso “pode refletir um aumento do valor médio das vendas relativamente ao valor médio dos empréstimos”. Apesar de estarem atualmente numa guerra de spreads, com as margens exigidas a terem descidas sucessivas, os bancos são mais criteriosos no montante de crédito que concedem face ao preço das casas.
Estão também sob uma vigilância mais apertada por parte do Banco de Portugal. Para prevenir que as instituições financeiras voltem a repetir os erros do passado, o supervisor emitiu recomendações que estão em vigor desde julho do ano passado. Entre as regras que a instituição liderada por Carlos Costa quer que os bancos sigam está o limite de 90% para o rácio entre o montante do empréstimo e o valor do imóvel. Para casas que não sejam para primeira habitação o banco não pode financiar mais de 80% do valor do imóvel.
Além deste travão, o Banco de Portugal quer ainda que o fardo de as prestações do crédito não ultrapasse 50% do rendimento das famílias e pede à banca para não conceder empréstimos a mais de 40 anos.
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