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O Banco de Portugal (BdP) decidiu aliviar os níveis de stress dos novos créditos à habitação contratados a taxa mista e variável, sabe o Dinheiro Vivo. O choque extra, considerado no cálculo da taxa de esforço e que simula a capacidade financeira das famílias em fazer face a uma hipotética subida da Euribor, passará de 3% para 1,5%, previsivelmente no final setembro.
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Além do crédito hipotecário, esta medida abrange também o segmento de consumo, reduzindo para metade o stress em todas as maturidades. Assim, aos empréstimos com um prazo até cinco anos passará a aplicar-se um choque de 50 pontos base (0,5%), enquanto nos créditos entre cinco e dez anos, a taxa a testar será de 100 pontos base (1%). No caso dos empréstimos contratados a mais de dez anos – como é o habitual para compra de casa – passarão a valer 150 pontos base (1,5%).
Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, no passado mês, a vice-governadora da entidade reguladora, Clara Raposo, já tinha avançado com a possibilidade de a taxa de stress vir a reduzir, na sequência de um ajustamento face à atual conjuntura de juros altos. Isto porque quando a medida foi criada, em 2018, a taxa de juro diretora do Banco Central Europeu (BCE) estava negativa. Agora, está acima dos 4%, o que tem pesado no orçamento das famílias.
O projeto de alteração à instrução macroprudencial 3/2018 será posto em consulta pública já no início da próxima semana e durante 30 dias úteis. Segundo apurou o DV, tanto o Ministério das Finanças como os bancos já estariam a par da intenção de o BdP alterar estes parâmetros, embora, recorde-se, as instituições continuem a ter autonomia para decidir se devem ou não conceder financiamento.
Com esta medida, é esperado que mais famílias possam ter acesso a empréstimos para compra de casa, sem comprometer, contudo, a prudência necessária no que toca ao risco de incumprimento – algo que não deverá sofrer variações significativas, de acordo com a previsão do regulador. Relativamente à repercussão das novas de taxas de stress na concessão de crédito, as estimativas apontam para uma recuperação dos níveis registados no arranque de 2023.
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Na hora de conceder crédito, as instituições financeiras têm de ter em conta alguns critérios. Entre eles, a taxa de esforço, que reflete o peso das prestações no rendimento líquido de um agregado familiar e que, desde 2018, não pode ultrapassar os 50%.
Atualmente, para o cálculo do debt service-to-income (DSTI) – o termo mais técnico -, os bancos consideram a taxa de juro a vigorar no momento da concessão do empréstimo e somam 3% para simular a capacidade de os particulares fazerem face à prestação, num cenário adverso de subida de juros. Isto significa que, com a Euribor a rondar hoje os 4%, aplicar este choque adicional implica ponderar taxas de juro superiores a 7% – níveis que os especialistas não preveem que se atinjam.
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