A administradora do Banco de Portugal Clara Raposo disse esta quarta-feira que acredita que os bancos serão prudentes na distribuição dos lucros e que o supervisor e regulador bancário não deverá emitir qualquer recomendação nesse sentido.
“Não faz parte dos planos imediatos do Banco de Portugal emitir qualquer recomendação dessa natureza, em que se condicione bancos que legitimamente podem decidir a sua distribuição de capital”, disse Clara Raposo na conferência de imprensa de apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira.
A administradora explicou que o banco central tem preferido fazer “o apelo pedagógico junto dos bancos” para que estes usem o momento positivo dos seus resultados, em que “beneficiam de taxas de remuneração elevadas”, para preparar o futuro.
“É uma mensagem de prudência natural. Achamos que os bancos, com as memórias das crises que também têm, serão moderados na forma como farão a distribuição de resultados e constituirão reservas e reforçarão capital”, afirmou.
Já nas últimas semanas o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse por diversas vezes que os bancos têm de aproveitar os lucros do atual ciclo positivo da sua atividade para aumentar as “almofadas financeiras” e, assim, estarem mais bem preparados para futuras crises, uma recomendação que também tem sido feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os presidentes dos principais bancos, por seu lado, têm dito que os bancos estão bem capitalizados e que não alterarão as suas expectativas de distribuição de dividendos.
Ainda hoje, na conferência de imprensa de apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira, Mário Centeno destacou a melhoria do “rating” de seis bancos (Caixa Geral de Depósitos, BCP, Santander Totta, Novo Banco, BPI e Banco Montepio) pela Moody”s, considerando que são “ótimas notícias para o sistema bancário”.
O governador disse que, de 2010 a 2017, os resultados negativos acumulados pelos bancos ascenderam a 12 mil milhões de euros e que de 2018 até agora foram positivos em 16 mil milhões de euros.
“Parte destes resultados são para recuperar das dificuldades, e que não foram poucas, de há uma década”, afirmou.
Centeno considerou ainda que a banca é um setor concorrencial, o que disse ser visível na transferência de créditos entre bancos e disse que os clientes com empréstimos devem ser ativos na procura de melhores soluções (desde logo para fazer face à subida dos juros) e que leis do Governo como a que permite fixar a prestação do crédito são apenas mais uma possibilidade.
Acrescentou ainda que os depositantes têm uma “enorme inércia” e que também devem ser mais ativos a procurar melhores remunerações para os seus depósitos, considerando que “as ofertas existentes no mercado permitiriam antecipar uma subida mais rápida das taxas de juro dos novos depósitos do que o que se verifica”.
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