O banco central estima que entre 19 de março e 20 de abril o montante dos levantamentos e compras tenha descido 46%. Os portugueses terão levantado menos 34 milhões de euros por dia e realizado menos 56 milhões de euros de compras neste período.

Em Portugal, o Estado de Emergência foi declarado a 19 de março, tendo sido renovado e estando ainda em vigor. Muitas atividades económicas encerraram, as escolas fecharam e muitos estão a trabalhar a partir de casa. Os efeitos económicos ainda não são totalmente conhecidos, mas o Banco de Portugal revela esta sexta-feira dados relativos aos pagamentos em março e fala numa “redução sem precedentes na utilização de cartões de pagamento”.

Os dados da autoridade monetária nacional mostram que no mês passado foram realizadas 167,4 milhões de operações com cartão, no valor de 9,2 mil milhões de euros, o que representa “decréscimos de 19,4% em número e de 10,2% em valor relativamente ao mesmo período do ano anterior, explicados pela redução dos levantamentos, das compras e das operações de baixo valor”.

Comparando com março de 2019, e de acordo com o comunicado da instituição liderada por Carlos Costa, os levantamentos de dinheiro caíram “31,5% em número e 20,4% em valor, tendo sido realizadas apenas 25,9 milhões de operações, no valor de 1,9 mil milhões de euros”. Por outro lado, as compras não foram tão penalizadas. No terceiro mês de 2020 registou-se uma diminuição de “19,7% em número e 16,2% em valor, para um total de 86,9 milhões de operações em março de 2020, no valor de 3,3 milhões de euros”.

Olhando a partir do período em que o País entrou em Estado de Emergência – 19 de março – até ao dia 20 de abril, o Banco de Portugal estima que o montante quer de levantamentos, quer de compras, tenha decido 46%. “Em média, os portugueses terão levantado menos 34 milhões de euros por dia e efetuado menos 56 milhões de euros de compras. A redução das transações com cartão verificada ao longo deste período equivale a 1,4% do produto interno bruto (PIB) de 2019”, indica a autoridade monetária.

Efeitos “expressivos” no turismo
O Banco de Portugal diz ainda que, tendo em conta a estrutura da economia portuguesa, os efeitos da pandemia “no turismo são expressivos”. Em março deste ano houve uma quebra clara nas compras e levantamentos realizados por cidadãos não residentes. “Estima-se que tenham sido gastos menos 182 milhões de euros em compras e efetuados menos 34 milhões de euros de levantamentos de numerário”.

Salientando que a atividade da maioria das empresas foi fortemente afetada pela pandemia, o banco central indica que, por setores, o comércio a retalho foi o único que registou uma variação homóloga positiva em março de 2020. “As compras com cartão efetuadas nos restantes setores diminuíram entre 7% (no comércio por grosso) e 56% (no alojamento). O setor mais afetado em termos absolutos foi o da restauração, com uma redução de 229 milhões de euros face ao transacionado no período homólogo”.

Compras online sobem
Apesar da redução da utilização de cartões de pagamento, o confinamento da maioria dos cidadão levou, ainda assim, a uma subida tanto das compras online como as compras feitas com cartões contactless.

As compras com recurso a tecnologia contactless subiram 60% em número e 115% em valor em março comparando com o mesmo período de 2019. Já as compras online feitas com cartões nacionais mantêm “uma tendência de crescimento em número (11%), embora a um ritmo menor do que aquele verificado nos primeiros meses de 2020. Pelo contrário, registaram uma redução em valor (de aproximadamente 11% em termos homólogos), sobretudo devido ao decréscimo das compras realizadas a comerciantes fora de Portugal”.

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