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Banco de Portugal revê crescimento em baixa este ano e prevê um défice maior em 2026

O Banco de Portugal cortou em sete décimas de ponto percentual as previsões de crescimento para este ano, de 2,3% para 1,6%, abaixo da expectativa do Governo, que espera um crescimento acima de 2%.

A instituição liderada por Mário Centeno justifica esta correção com a contração económica no primeiro trimestre, que não era esperada, e a maior incerteza no plano internacional.

“A contração da atividade no primeiro trimestre do ano não foi antecipada, explicando em larga medida a revisão em baixa do crescimento do PIB em 2025 face ao Boletim anterior”, lê-se no Boletim Económico de junho.

Para o segundo trimestre, o regulador espera alguma recuperação, mas com “uma evolução contida do consumo atendendo ao impacto dos menores reembolsos do IRS e à redução da confiança dos consumidores”. Na segunda metade do ano, “o crescimento trimestral do PIB deverá situar-se em 0,6%, refletindo em larga medida um maior dinamismo do consumo privado”, diz o BdP.

Para os próximos anos antecipa-se uma recuperação gradual. Para 2026, o BdP prevê uma melhoria para os 2,2% de crescimento. “As tensões comerciais e a maior incerteza limitam a atividade económica, mas os efeitos do alívio das condições financeiras, das maiores entradas de fundos da UE e da robustez do mercado de trabalho dominam em 2026”, explica. Seguida de nova desaceleração em 2027, para 1,7%.

Previsão de défices nos próximos anos, com agravamento em 2026

O Banco de Portugal avisa que os riscos externos aumentaram. “O crescimento pode ser menor se as tensões comerciais se agravarem, se a incerteza económica persistir ou em caso de dificuldades na execução dos fundos da UE. Em sentido contrário, a resolução dos conflitos armados e um aumento dos gastos em defesa em Portugal podem ter um impacto positivo na atividade”.

Após o excedente orçamental de 0,7% do PIB em 2024, o Banco de Portugal mantem a projeção de um défice de 0,1% em 2025, que se agravará para 1,3% em 2026, antes de melhorar ligeiramente para 0,9% em 2027.

“O saldo orçamental deverá piorar nos próximos anos, regressando a uma situação deficitária”, devido à “orientação expansionista da política orçamental verificada em 2024” que deverá prolongar-se em 2025 e 2026, “revertendo apenas parcialmente em 2027”.

No atual contexto internacional volátil, o BdP alerta o governo que “as políticas nacionais devem contribuir para mitigar a incerteza, incentivar o investimento e promover a inovação, mantendo-se a aposta na melhoria contínua das qualificações da população”. Apela ainda à contenção orçamental, “é importante também que os progressos obtidos nas contas públicas sejam preservados, pois a deterioração da posição orçamental limitaria a capacidade de reação a choques adversos e às pressões estruturais de aumento da despesa”, avisa.

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