O Banco de Portugal (BdP) reviu em alta a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português em 2025 para 1,9%. São mais três décimas em relação à estimativa anterior, indica o Boletim de Outono.
A subida é justificada, sobretudo, com o aumento do consumo
das famílias, que ficaram com mais dinheiro para gastar após a redução do IRS,
além do reforço das pensões a partir de setembro.
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“Foram tomadas novas medidas orçamentais com impacto positivo no rendimento disponível das famílias em 2025, nomeadamente uma nova redução do IRS, com efeitos retroativos ao início do ano, e um suplemento extraordinário para as pensões mais baixas”, refere o documento.
Para estas contas entra ainda a atualização recente do Instituto Nacional de Estatística (INE), que implicou um aumento do volume e deflator do Produto Interno Bruto (PIB). Ou seja, a economia portuguesa cresceu 2,1% em 2024 e não 1,9%, como tinha estimado o INE.
No programa eleitoral, a AD apontava para um crescimento de 2,4% este ano e 2,6% no próximo, mas nas reuniões com os partidos políticos, que antecedem a apresentação do Orçamento do Estado, o Governo já indicou que a taxa iria rondar os 2%.
Esta atualização do Banco de Portugal para 2025 está em linha com o Conselho das Finanças Públicas (CFP) e com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e aproxima-se das previsões do Fundo Monetário Internacional (2%) e da Comissão Europeia (1,8%).
Para os dois próximos anos não há alterações, o Banco de Portugal mantém a previsão de um crescimento de 2,2% em 2026 e 1,7% em 2027. A inflação deverá andar em torno dos 2% nos dois próximos anos.
Até 2027, Portugal deverá continuar a crescer acima da média dos países do euro, (2% contra 1,2% na área da moeda única). O PIB por trabalhador é de 0,9%, quando na zona euro é de 0,6%.
Recuperação (lenta) das exportações
O Banco de Portugal antecipa ainda a recuperação lenta das exportações, à exceção do mercado norte-americano, para onde as vendas diminuem em volume e preço. O investimento sobe 3% em 2025 e 5,3% em 2026, enquanto as exportações aumentam 1,1% este ano e 2,2% no próximo.
Por outro lado, o emprego está a abrandar, mas a taxa de desemprego estabiliza em valores baixos.
Após um crescimento de 1,3% em média em 2023 e 2024 e uma progressão de 1,9% na primeira metade de 2025, “o emprego deverá continuar a registar aumentos no horizonte de projeção, embora progressivamente menores”.
Em relação ao desemprego, o BdP estima que a taxa baixe dos 6,4% de 2024 para 6,2% em 2025, subindo, de seguida, para 6,3% no próximo ano e permanecendo na mesma percentagem em 2027.
A taxa de poupança diminui no horizonte de projeção, traduzindo “a hipótese de dissipação da incerteza e o alisamento do perfil de consumo”. Um indicador que reforça a expectativa de abrandamento do consumo das famílias, nos próximos anos.
Economia mais preparada para absorver choques
O Banco de Portugal diz ainda que “a economia portuguesa está em melhores condições do que no passado para absorver choques, mas existem riscos importantes no horizonte”.
Entre os principais riscos, destaque para o agravamento das tensões comerciais e geopolíticas com consequências para as cadeias de abastecimento, “com efeitos negativos no comércio mundial e na procura externa dirigida a Portugal”, além de um eventual “aumento dos preços das matérias-primas”.
Se estas tensões se intensificarem, “os efeitos sobre a confiança e os mercados financeiros e cambiais serão mais adversos, gerando uma recessão global, com impacto negativo sobre a inflação”.
Estes desafios reforçam “a importância das políticas e reformas estruturais“, refere o relatório, em linha com as palavras deixadas ontem pelo novo governador, Álvaro Santos Pereira, que já recebeu o Boletim Económico pronto para publicação esta terça-feira.
“A previsibilidade das políticas e a continuação da redução sustentada dos rácios de endividamento das empresas, famílias e Administrações Públicas são também condições necessárias para a estabilidade macroeconómica e para o crescimento sustentável”, avisa o documento, publicado dias antes de ser conhecida a proposta orçamental do governo para 2026.
[notícia atualizada]
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