//Banco de Portugal vai investir em dívida verde

Banco de Portugal vai investir em dívida verde

As reservas do Banco de Portugal (BdP) vão passar a integrar títulos de dívida verde, anunciou esta quinta-feira o banco central nacional ao dar conta da adesão a um novo fundo verde estabelecido pelo Banco de Pagamentos Internacionais (BIS, na sigla inglesa) para aumentar a participação das reservas dos países em investimentos sustentáveis.

Em comunicado, o BdP avança que pretende assim tornar-se “num dos bancos centrais pioneiros na realização deste investimento” e informa que participou na definição das características e orientações deste novo fundo de investimento.

Numa nota também publicada hoje, o Banco de Pagamentos Internacionais explica que este será um fundo aberto que procura a participação dos diferentes bancos centrais. “Em resposta a uma crescente procura por investimentos amigos do ambiente entre as instituições oficiais, o fundo de dívida verde do BIS ajuda os bancos centrais a incorporarem objetivos de sustentabilidade ambiental na gestão das respetivas reservas”, explica a organização.

O fundo será denominado em dólares norte-americanos e fará aplicações em obrigações certificadas com um rating mínimo de A-, seguindo os standards internacionais adotados pela organização Climate Bonds Initiative e pela Associação Internacional dos Mercados de Capitais.

O mercado de dívida verde está em grande expansão. Desde o início deste ano já foram emitidas obrigações verdes em valor superior a 150 mil milhões de euros, quase o mesmo volume que no conjunto do ano passado. Estima-se que as emissões certificadas superem este ano o equivalente a 226 mil milhões de euros.

De acordo com dados do BIS, num inquérito publicado no seu último boletim trimestral, apenas 4,5% dos bancos centrais estão atualmente obrigados a integrarem considerações de sustentabilidade na gestão das suas reservas. Há 7,5% que o fazem, porém, por indicação das partes interessadas e outros 25,4% por razões não especificadas. Mas a maioria, 62,7%, não adota qualquer princípio verde.

Apesar disso, a maioria dos gestores de reservas – na mesma medida, de 62,7% – entende que há margem para passar a fazê-lo.

O anúncio de constituição do novo fundo verde dos bancos centrais é feito na semana em que as Nações Unidas debatem novas metas para assegurar a neutralidade carbónica dos diferentes países até 2050, de modo a garantir que a temperatura do planeta não aumenta mais de 1,5ºC face aos níveis pré-industriais.

Um dos aspetos a garantir será o do financiamento para alcançar estes objetivos. O Banco Mundial estima que os compromissos assumidos até 2030 representem um investimento de 23 biliões de dólares para os países aderentes. Em Portugal, o custo da transição até 2050 está estimado num valor superior a um bilião de euros.

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