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À semelhança do que já vinha a ser observado desde o início do ano, menos famílias e empresas procuraram financiar-se junto das instituições bancárias durante o terceiro trimestre. E a tendência, uma vez mais, deverá manter-se nos três meses que se seguem, revela o Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito, divulgado esta terça-feira pelo Banco de Portugal (BdP).
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O estudo, que se dedica a avaliar trimestralmente a oferta e a procura no setor, com base no reporte das instituições financeiras, concluiu que, entre julho e setembro, a procura por empréstimos por parte das famílias registou uma “ligeira diminuição” tanto no segmento ao consumo, como para compra de habitação, e um decréscimo transversal a todas as empresas e maturidades.
A “diminuição da confiança dos consumidores” terá sido, juntamente com o aumento das taxas de juro, o principal motivo para uma menor busca de crédito por parte das famílias.
Já do lado das empresas, aponta o BdP, além de se colocar a questão dos juros elevados, acresceu a menor necessidade de financiamento do investimento. No mesmo sentido, embora em menor grau, terá contribuído a “diminuição das necessidades de financiamento para fusões/aquisições e restruturação empresarial e uma melhoria na geração interna de fundos, especialmente no caso de grandes empresas”.
Em contrapartida, e aplicável apenas às Pequenas e Médias Empresas (PME), em específico, as necessidades de refinanciamento e renegociação da dívida terão contribuído ligeiramente para um aumento da procura.
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Para o próximo trimestre, isto é, de outubro a dezembro, os bancos antecipam uma quebra contínua, com uma “ligeira diminuição da procura de empréstimos por parte das empresas, mais acentuada nos empréstimos de longo prazo, e por parte de particulares para habitação e para consumo e outros fins”.
Crédito à habitação menos restritivo até ao final do ano
No terceiro trimestre de 2023, “a perceção dos riscos, principalmente dos associados à situação e perspetivas económicas gerais”, fizeram com que os critérios de concessão de crédito a empresas e a particulares, mais concretamente para aquisição de casa, se mantivessem inalterados.
A comprová-lo, está a proporção de pedidos de empréstimos rejeitados pelos bancos, que não registou alterações no caso das empresas e do crédito à habitação, mas verificou um “ligeiro aumento” no crédito ao consumo, cujos critérios de concessão se tornaram “ligeiramente mais restritivos” entre julho e setembro, admite o BdP.
Quanto aos termos e condições dos contratos, é indicado que nos empréstimos a empresas houve uma diminuição das maturidades, sobretudo nas PME, causada “pela perceção dos riscos associados à situação e perspetivas económicas gerais e, em menor grau, de setores de atividade ou empresas específicas”, enquanto nos particulares não existiram alterações significativas.
A expectativa avançada pela instituição liderada por Mário Centeno é de que, no próximo trimestre, os critérios de concessão se mantenham inalterados no crédito a empresas, “apesar de uma ligeira deterioração nos empréstimos de longo prazo”, e de um alívio dos critérios no crédito à habitação. Já os empréstimos para consumo e outros fins deverão “apertar o cinto”.
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